Paulo Pimenta saiu pela porta dos fundos da Secretaria de Comunicação Social do governo. Ainda que jamais o admita, foi rifado pelo próprio Lula. Em dezembro, o presidente admitiu publicamente que havia “um erro no governo na questão da comunicação”, e que em 2025 faria “correções necessárias”. A manifestação do chefe foi apenas a verbalização de um descontentamento crescente, que teve como gota d’água o fracasso monumental da estratégia de divulgação do tal pacote fiscal, que veio junto do anúncio de revisão da tabela do Imposto de Renda.
Lula deu licença para que Pimenta se convertesse no saco de pancadas do governo. O conveniente altar de expiação dos pecados políticos de seus pares na esplanada. Na última terça-feira (7), até mesmo Fernando Haddad, sempre ponderado e cuidadoso, deu sua alfinetada. “Temos de nos comunicar melhor. Venho dizendo isso há muito tempo”, falou em entrevista para a Globo News. O marqueteiro Sidônio Palmeira, que deve ficará com titular no lugar de Pimenta também já tratou do assunto. “É importante que a gestão não seja analógica, que ela se comunique com as pessoas”, afirmou.
Rifar um nome que estava sendo construído no Rio Grande do Sul é o preço que Lula escolheu pagar para profissionalizar uma área que virou flanco de crises em seu governo. E o faz também com propósitos eleitorais
Hoje, observando em perspectiva, fica evidente que a nomeação de Paulo Pimenta como ministro extraordinário da Reconstrução no Rio Grande do Sul também foi uma oportunidade para Lula afastá-lo durante quase todo o ano do comando da comunicação do governo federal. E a transição para sua saída definitiva começou no exato dia em que reassumiu a função.
Para onde Paulo Pimenta vai agora pouco importa. O que se sabe é que o desgaste de sua saída lhe imporá uma enorme dificuldade para se viabilizar como candidato do PT ao governo gaúcho de 2026. Se não serve para ser ministro, por que serviria para comandar um estado?
Rifar um nome que estava sendo construído no Rio Grande do Sul é o preço que Lula escolheu pagar para profissionalizar uma área que virou flanco de crises em seu governo. E o faz também com propósitos eleitorais. Segundo pesquisa publicada pelo Datafolha, a aprovação do presidente é de 35%. Para 58% dos entrevistados, ele fez menos do que se esperava. Esses indicadores não dão certeza de reeleição.
A pergunta que fica é se substituir Paulo Pimenta é suficiente para melhorar a percepção pública do governo. Imaginar que os indicadores negativos dizem respeito única e exclusivamente ao seu desempenho da comunicação é um autoengano que pode se revelar fatal. Não adianta trocar de garçom se o prato servido continua sendo uma gororoba.
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