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Apesar do desespero democrata, não será tão fácil substituir Joe Biden
Membros da campanha de Biden disseram que o desempenho do presidente no debate da CNN foi “péssimo”.| Foto: EFE/EPA/EDWARD M. PIO RODA

Nem o mais fervoroso dos democratas imaginava que Joe Biden chegaria ao primeiro debate das eleições americanas e faria uma apresentação de gala. Aos 81 anos, ele está longe de ter a vitalidade de um John Kennedy, ou mesmo de um Barack Obama. Havia, entretanto, a esperança de que seu desempenho fosse minimamente seguro e consistente. Mas o que se viu não foi nada perto disso. Com sua saúde e senilidade crescentemente questionadas, Biden, candidato à reeleição, acabou sucumbindo durante o reencontro que teve com o ex-presidente Donald Trump, seu concorrente na corrida pela Casa Branca. É possível dizer que teve um colapso cognitivo completo. Um verdadeiro apagão transmitido ao vivo para todo o mundo.

Em diferentes eleições, candidatos democratas e republicanos se alternaram levando vantagem uns sobre os outros em diferentes debates. Em 1960, Richard Nixon apareceu abatido e suando diante de um jovial John Kennedy. As imagens foram fundamentais para determinar o rumo da disputa, que terminou com a vitória de Kennedy. Em 1984, Ronald Reagan, luminar do conservadorismo, desmontou Walter Mondale com uma saraivada de ironias. Os exemplos abundam. Mas, na longa história das eleições dos Estados Unidos, nunca houve nada parecido com o que ocorreu ontem à noite. Inclusive pela discrepância das posturas.

Durante boa parte do confronto, Biden permaneceu com a boca entreaberta, talvez até emulando a reação do público ao vê-lo passar por tanta vergonha. Um retrato que pode sepultar de vez sua tentativa de reeleição

Independente do juízo que se faça sobre Trump, seu governo e as acusações que enfrenta, a percepção que se criou no debate da CNN é que sobra nele o que falta ao atual mandatário. Principalmente a vitalidade e impetuosidade, características necessárias para liderar uma superpotência, ainda mais durante um período geopolítico inequivocamente conflituoso.

Na análise do debate feita logo após seu encerramento, o jornalista John King, da CNN, relatou que havia “um pânico profundo, amplo e forte no Partido Democrata”. “Começou minutos após o início do debate e continua agora. Envolve a estratégia do partido. Envolve governantes eleitos. Envolve financiadores da campanha. Eles estão tendo conversas sobre a performance do presidente, que eles acham que foi péssima. Acham que ela vai prejudicar outros integrantes do partido. Eles estão conversando sobre o que deveriam fazer sobre isso”, disse. Segundo King, alguns quadros do partido especulam até mesmo pedir a Biden que desista, inclusive podendo fazer isso em público.

Ainda que o Partido Democrata leve de fato a cabo a saída mais extrema, que seria trocar de candidato na véspera de sua convenção, o desgaste do partido e do atual governo está contratado. Isso porque a saída de Biden seria a admissão não apenas do erro em sua escolha original para a reeleição, mas também resultaria numa dúvida razoável sobre sua capacidade de governar o país. Afinal, o sujeito que se mostrou fragilizado e vacilante durante o debate é o mesmo que hoje toma decisões no Salão Oval. Por sua vez, o novo candidato seria assombrado pela desistência, tornando-se não mais do que um reserva de luxo chamado na hora do desespero extremo.

Segundo levantamento da CNN, 67% dos eleitores registrados que acompanharam o debate consideram que Trump foi o vencedor. Enquanto Biden se perdia em raciocínios incompletos ou em vazios, o republicano colava nele os mais variados adjetivos negativos. Durante boa parte do confronto, Biden permaneceu com a boca entreaberta, talvez até emulando a reação do público ao vê-lo passar por tanta vergonha - um retrato que pode sepultar de vez sua tentativa de reeleição.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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