Roberto Campos Neto está otimista com a economia brasileira. Na Globo News, criticou as previsões negativas feitas por analistas, fez a avaliação de que o Brasil pode crescer mais do que 1,7% em 2024 e elogiou o trabalho de Fernando Haddad, responsável por comandar o Ministério da Fazenda. “Haddad fez um esforço gigantesco para enquadrar o fiscal”, disse.
Esse reconhecimento não veio apenas do presidente do Banco Central brasileiro, mas também de David Beker, o chefe de economia e estratégias para América Latina do Bank of America. Quem não está gostando das coisas é Gleisi Hoffmann e o PT, que resolveram divulgar uma patética resolução criticando o rumo da economia.
Ajudaria muito o PT abandonar as taras ideológicas falidas e encaminhar os dirigentes sectários para o Mobral econômico.
No documento publicado na semana passada, o partido afirma que “o Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC ‘independente’ e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país”. Qual é a “ditadura” do Banco Central, afinal? O status e as atribuições da instituição foram definidos por decisão congressual, e, até aqui, mantidos pelo próprio Lula, que poderia, a qualquer tempo, apresentar um projeto revogando-os. Já o termo “austericídio fiscal” parece ter saído dos anos 80, quando o PT achava que o controle da inflação viria com o calote da dívida externa. Gleisi Hoffmann ainda deve achar.
Em entrevista para o jornal O Globo, Haddad rebateu seus colegas com ironia: “Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: ‘A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!’ E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo”. Segundo o ministro da Fazenda, o PT precisa “resolver” o seu discurso. Ajudaria muito abandonar as taras ideológicas falidas e encaminhar os dirigentes sectários para o Mobral econômico.
Numa reunião recente, o ministro da Fazenda e Gleisi divergiriam publicamente sobre como gerar crescimento. Ela defendeu a indução da economia via expansão fiscal sem se preocupar com déficits. Receituário esse aplicado por Guido Mantega, Nelson Barbosa e Dilma Rousseff que resultou numa crise tão severa que nem a pandemia de Covid-19 foi capaz de igualar. Haddad respondeu dizendo o óbvio: "As coisas não são automáticas. Nos oito anos de governo do presidente Lula, tivemos superávit primário de 2%. A economia cresceu 4%. Não é verdade que o déficit faz crescer. De dez anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit. E a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia".
O PT vem fritando Haddad desde a metade do ano. Nos últimos meses, o procedimento ganhou força, tendo Gleisi como porta-voz de luxo. Ela tem como característica emular com desassombro todos os discursos refratários à prudência, ao bom senso e à lógica elementar. Em setembro, fez um ataque desvairado ao Tribunal Superior Eleitoral. Agora, mira no titular da pasta da economia. Com qual propósito? Talvez não o considere petista o suficiente. De “companheiro”, Haddad já passou a “austericida”. Em breve será chamado também de “neoliberal”.
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