Jair Bolsonaro tem planos ambiciosos para o próximo 7 de setembro. A celebração da independência será novamente instrumentalizada em nome da marcha do presidente contra as instituições. É típico do populismo premeditadamente confundir valores pátrios com suas próprias bandeiras políticas, dando a falsa impressão de que são as mesmas coisas. Mas ele não se contenta apenas com isso. Agora quer misturar seus militantes com os militares, num desfile conjunto de maneira a assombrar a República.
Ao lado de heróis como Eduardo Cunha, o presidente aproveitou a convenção do Republicanos para anunciar o que pretende fazer: “Às 16 horas do dia 7 de Setembro, pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as nossas irmãs Forças Auxiliares [PM e Corpo de Bombeiros] estarão desfilando na Praia de Copacabana, ao lado de nosso povo. O nosso Rio de Janeiro, cartão postal do Brasil, um estado aliado de todos nós, aliado da economia de São Paulo, vamos mostrar que o nosso povo, mais do que querer, tem o direito e exige paz, democracia, transparência e liberdade".
Ainda repercute a reunião que Bolsonaro promoveu junto aos embaixadores para difamar o sistema de votação brasileiro. Entidades das mais variadas se solidarizaram com o TSE, reforçando a credibilidade de seu trabalho. Ao mesmo tempo, em nota, a embaixada dos Estados Unidos reforçou sua confiança em nossas instituições democráticas e em nosso modelo de votação, considerado exemplar “para as nações do hemisfério e do mundo”.
Parte da sociedade também se mobilizou, daí por meio de um manifesto público em favor da própria democracia. Os subscritos não se restringiram a personalidades identificadas com a oposição, apesar do esforço do Palácio do Planalto de, por seus esbirros, tentar vender essa narrativa simplificadora e mistificadora. Dentre as centenas de milhares de assinaturas também houve a adesão de setores importantes da economia produtiva e do mercado financeiro. Na visão de fanáticos, todos ali não passam de perigosos comunistas. O tom galhofeiro com que Bolsonaro reagiu ao documento só denota o quão preciso foi o teor do texto ao evidenciar o que se passa no país.
Assim como a live em que divulgou o inquérito da invasão hacker ao sistema do TSE serviu para Bolsonaro mobilizar suas bases para o 7 de setembro do ano passado, a sessão de ataques às urnas eletrônicas para uma plateia internacional cumpre o mesmo propósito para o próximo. Apesar de se direcionar a representes de outros países, o que o presidente faz é instar seus apoiadores, que precisam ser permanentemente alimentados para o conflito político. A ideia agora é reforçar a turma com o pessoal da caserna.
Em agosto de 2021, tanques da Marinha desfilaram em Brasília no dia em que o Congresso Nacional votava e rejeitava a PEC do voto impresso. Uma coincidência intimidatória, para dizer o mínimo. Ficou para a história a imagem dos blindados enferrujados a queimar diesel pela esplanada. É inegável que a fumaça escura e a fuligem que eles exalaram combinará com a paleta de mensagens obscurantistas que seus militantes vituperam nas ruas.
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