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"Alguém tem que colocar juízo na campanha do Lula", escreveu a senadora Simone Tebet em mensagem enviada a apoiadores do líder petista. No último comício da campanha do ex-presidente, realizado em Belo Horizonte, o grito mais alto dos militantes era “vai dar PT”. A ex-candidata do MDB tem manifestado receio ao excesso de vermelho na campanha de Lula Sua avaliação é de que as pessoas que estão votando no PT não o fazem por simpatia ao partido, mas contra Jair Bolsonaro.
Desde que colocou seu nome no tabuleiro eleitoral, Lula tem evitado dar detalhes de seu programa de governo. Numa entrevista para a revista Time em maio de 2022, o petista afirmou que não se “discute política econômica antes de ganhar as eleições”. Lula assumiu uma posição de condestável da República, como se o fato de ter exercido a presidência lhe desse a licença poética para não prestar contas do que pretende fazer caso alcance o poder. Como se sabe, o Brasil de 2023 será muito diferente do Brasil de 2003.
Do alto de sua suprema arrogância, Lula deve achar que recebeu votos integralmente porque os eleitores o consideram um salvador da pátria, um ungido, uma espécie de outro mito.
A própria Folha de São Paulo, em editorial publicado essa semana, apontou que o ex-presidente “parece esperar que o retorno ao Planalto se dê por mera gravidade, ou pelo reconhecimento de feitos passados. Ou, ainda, porque os eleitores nada mais teriam a perder e estariam propensos a endossar qualquer alternativa ao quadro atual”.
Lula fez mais de 57 milhões de votos no 1º de outubro. Do alto de sua suprema arrogância, deve achar que os recebeu integralmente porque os eleitores o consideram um salvador da pátria, um ungido, uma espécie de outro mito. A avaliação da senadora Tebet parece fazer mais sentido. Ali está um conjunto muito grande de brasileiros que apenas não querem Bolsonaro. Há também um contingente gigantesco de pessoas que anularam seus votos, votaram em outros candidatos ou não foram votar. O que Lula e seus apoiadores têm a dizer para essa parte da sociedade? Qual sua agenda para além da bolha? Bolsonaro já tem a sua: o antipetismo.
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Além de Simone Tebet, o candidato petista recebeu apoio de Henrique Meirelles e outros economistas liberais importantes que ajudaram na formulação do Plano Real. Entre eles André Lara Resende, Edmar Bacha e Pedro Malan. Diante disso seria o caso de dispensar Aloizio Mercadante e outros entusiastas da agenda petista, apresentando as linhas gerais de um programa econômico consistente e confiável. Nada disso até aqui. O petista parece ser sua própria garantia. Mas do que, exatamente?
Até aqui, a campanha do Lula vem sendo representada no debate público por Guilherme Boulos e tipos ridículos como André Janones. Até José Dirceu apareceu para dar sua letrinha esses dias. No Roda Viva, Boulos chegou a dizer que a presença de Alckmin e outros na campanha não são mais do que sinalizações genéricas em nome de expressões não petistas do eleitorado, mas que não representam compromissos formais. Enquanto os sectários de esquerda falam pelos cotovelos, o bolsonarismo cola em Lula o risco da venezualização da economia brasileira.