As mais recentes pesquisas de opinião indicam que há uma consolidação de cenário para que a disputa de 2022 seja entre Jair Bolsonaro e Lula. Apesar dos percentuais do Datafolha, Paraná Pesquisas, Atlas Político, XP e outros órgãos de opinião apresentarem variações numéricas, há uma coisa em comum em todos eles: o atual e o ex-presidente monopolizam as intenções de voto. O ressurgimento do líder petista, potencializado politicamente pelas recentes decisões do STF contra a Lava Jato, deu novos contornos a essa disputa. Outrora sem rumo e nem narrativa, a esquerda ganhou um candidato competitivo capaz de unificar esse segmento do eleitorado que abrange uma parte considerável da sociedade.
Bolsonaro, por sua vez, continua onde estava. Blindado por uma base ferina que, mesmo sob o desastre da administração da pandemia, se mantém ao seu lado. As manifestações do dia 1° de maio, ainda que infinitamente menores do que a retórica oficialista tenta vender, foram significativas por mostrar a mobilização continua dessa militância. No cálculo de Bolsonaro para a reeleição está a certeza de que isso será suficiente para confirma-lo no segundo turno, contando a partir daí com o antipetismo de forma a dobrar os descontes com seu governo mas que ainda temem uma possível volta de Lula.
Bolsonaro e Lula tem características comuns, ainda que visões de mundo bastante distintas. Ambos se comunicam com facilidade, são carismáticos, caminham entre os populares e fazem discursos voltados para a realidade dessas pessoas. Aqui não vou me deter no exame de suas condutas ou no conteúdo de suas falas. Apenas evidencio os ativos que franqueiam o favoritismo deles.
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Em seu mais recente editorial, o jornal “O Estado de São Paulo” pinta o cenário entre os dois como a oposição do “atraso ao retrocesso, a indecência à imoralidade, a desfaçatez ao cinismo”. Também alerta como, em caso de vitória de qualquer um, se aprofundaria “a discórdia entre os brasileiros’.
Nesse contexto, a situação do chamado centro político, torna-se ainda mais dramática. E aqui é necessário dizer: o grupo já batia cabeça muito antes de Lula voltar a ter condições de concorrer. E não, não é o caso de dizer que está tudo definido. Na verdade, essa é uma armadilha de quem quer impor a polarização como única possibilidade. Mesmo assim, seria ingenuidade imaginar que com as posições que ostentam nas pesquisas até aqui, Luís Henrique Mandetta, João Doria, Eduardo Leite, João Amoedo e Ciro Gomes estão confortáveis.
Afinal, o que une essa gente toda que pretende viabilizar uma terceira via? Até aqui não há coesão de pensamento, muito menos pauta unificada. Aparentemente eles se propõem a defender a democracia. E termina aí. Mas desde quando isso é uma agenda? Bolsonaro e Lula também tentarão se vender como democratas e defensores do regime de liberdades.
O que o eleitor quer é uma visão de país. Um programa a ser implementado. E, por hora, o tal centro ainda não apresentou pistas disso. Mesmo aqueles que rejeitam os nomes que simbolizam a polarização não se sentem estimulados a manifestar seu apoio pelos outros. É a clareza de ideias que determina a intenção de voto.
Se o cenário de 2022 caminhar para a disputa entre Bolsonaro e Lula, que ninguém culpe os eleitores. Foram as alternativas que não se mostraram suficientemente atrativas. Ou o centro ata um nó górdio que una suas diferentes candidaturas em uma que represente algo objetivo, ou será encarado pela sociedade como uma valsa de bêbados, condenados a terminar a noite estendidos no cordão da calçada.
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