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Não completou uma semana e o governo Lula já contabiliza seu primeiro escândalo: as relações políticas da ministra do Turismo com o miliciano Juracy Alves Prudêncio, conhecido como Jura. Titular da pasta, Daniela Carneiro foi indicada pelo União Brasil, no esforço do novo presidente em compor com os partidos do centrão.
Tão logo tomou posse, passaram a circular imagens dela junto ao criminoso e também da esposa. Os dois participaram de atos de sua campanha nas eleições de 2018 e 2022. Segundo informações do UOL, a milícia chamada “Bonde do Jura” é responsável por cerca de cem assassinatos cometidos na Baixada Fluminense nos anos 2000. Certamente não é alguém com quem se deva posar alegremente para fotografias, muito menos ter como cabo eleitoral.
Ao invés de ser demitida, Daniela Carneiro participou normalmente da 1ª reunião ministerial do governo. Ao que parece, o lulopetismo tem seus milicianos de estimação.
Por meio de sua assessoria a ministra afirmou que “o apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito”. Por óbvio, fotos não comprovam associação criminosa. Fica evidente, entretanto, uma ligação perigosa que inviabiliza Daniela Carneiro como titular na pasta. Deveria ser sumariamente demitida. A política, afinal, é um campo em que sobrepesa o decoro. É inadmissível que se ache normal ou razoável que alguém que ocupa um cargo público de função tão elevada tenha esse tipo de companhia.
Questionado sobre a situação, o ministro da Justiça, Flavio Dino, tratou de minimizar o elo entre sua colega e o assassino. “A bem da verdade, políticas e políticos do Brasil, principalmente em momentos eleitorais, e, hoje, nesses dias de celular, têm fotos com todo mundo”, disse a jornalistas. Mas não é o caso de apenas uma foto aleatória tirada com um eleitor qualquer. Dado o tamanho da organização que Jura comandava é difícil imaginar que Daniela Carneiro não o conhecesse. Aliás, isso se torna ainda mais improvável na medida em que ela o elogiou. Em 2018, quando ele estava no regime semiaberto após uma condenação de 26 anos por associação criminosa e homicídio, a então candidata o chamou de “liderança” numa postagem em redes sociais.
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Em 2008, a CPI das Milícias, presidida por Marcelo Freixo, indiciou Jura. No ano seguinte, ele foi preso. Freixo é outro que não demonstrou qualquer indignação com as fotos. Nomeado para presidir a Embratur, órgão subalterno ao Ministério do Turismo, ele disse que não se sente constrangido pelas relações passadas de sua atual chefe. “Eu acho que cabe a ela falar sobre isso”, disse ao jornal O Globo. É uma bela passada de pano para quem fez carreira a denunciar grupos de milicianos e investigar as conexões desses com políticos.
Cabe a pergunta óbvia: se fosse uma ministra do governo Bolsonaro, Flavio Dino, Marcelo Freixo e Lula (que ainda não disse nada sobre o assunto), teriam essas mesmas reações? O atual presidente passou a campanha a denunciar seu antecessor exatamente pelas ligações que sua família teria com integrantes de milícias no Rio de Janeiro. Agora observa em silêncio enquanto uma aliada tem revelada a proximidade com esses mesmos elementos. Ao invés de ser demitida, Daniela Carneiro participou normalmente da 1ª reunião ministerial do governo. Ao que parece, o lulopetismo tem seus milicianos de estimação.