O antissemitismo de extrema-direita é sempre explícito. Integrantes de células neonazistas, por exemplo, não escondem nem mesmo a suástica, que acabam ostentando em indumentárias, bandeiras e outros itens pessoais. Guardam vestes e símbolos em suas casas como verdadeiros souvenirs do racismo e, por vezes, propagam sua ideologia sem meias palavras em público. O antissemitismo de esquerda, por sua vez, é um tanto mais sofisticado e subjetivo, ainda que tão grotesco quanto. Este se evidencia, no mais das vezes, camuflado como “antissionismo”, ou como reprodução de propaganda contrária a Israel e de seu direito de existência.
O ataque ocorrido no último final de semana a partir da Faixa de Gaza pelo Hamas deu início a uma nova onda de demonização contra o Estado Judeu, que vem sendo acusado de praticar “genocídio” e “perseguição” aos palestinos, que seriam vítimas de um verdadeiro “apartheid” por uma potência colonialista. Curiosamente, parte dessa campanha publicitária contra Israel, a única democracia do Oriente Médio, é levada a cabo no próprio Ocidente, em que parece despertar menos simpatia do que seus inimigos extremistas islâmicos.
Israel não enfrenta um inimigo convencional, e sim uma súcia de radicais dispostos a fazer de sua própria gente escudo humano e carne barata.
Setores importantes de esquerda e de extrema-esquerda retratam o Hamas não como organização terrorista, mas como parte do que consideram a “resistência palestina”. Seriam eles, portanto, as verdadeiras vítimas a reagir contra o terrorismo de Estado praticado por Israel. Foi nesses termos que a deputada gaúcha Luciana Genro, do PSOL, comentou a situação, inclusive comparando o ataque ao levante do gueto de Varsóvia contra os nazistas.
A relativização e negação do terrorismo se tornou uma constante. Breno Altman, do portal de extrema-esquerda Opera Mundi, chegou a classificar como “excelente notícia, para a resistência palestina, a entrada do Hezbollah no combate ao Estado colonial de Israel, se confirmada e estabelecida como guerra total”. Também escreveu que “a guerra de um povo subjugado contra um Estado colonial é sempre justa”. Sob este prisma, até a degola de bebês estaria justificada.
Khaled Mashal, um dos principais líderes do Hamas, fez um apelo para que muçulmanos em todo o mundo se unam na Jihad contra Israel e se tornem mártires atacando e matando judeus em qualquer lugar. É a lógica da perseguição e do genocídio, que está devidamente registrada no documento de fundação do grupo terrorista. A vocação homicida não tem meias palavras: “Israel existirá e continuar existindo até que o islã o faça desaparecer, como fez desaparecer todos aqueles que existiram anteriormente a ele”.
Israel não enfrenta um inimigo convencional, e sim uma súcia de radicais dispostos a fazer de sua própria gente escudo humano e carne barata. Um bando de selvagens que arregimentam novos fiéis fazendo propaganda da morte, num círculo vicioso de ódio e de horror. Estes contam não apenas com fanáticos dispostos a matar judeus a esmo, mas também com seus prosélitos e propagandistas, disfarçados de analistas e acadêmicos a edulcorar de heroísmo o que não passa de barbárie.
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