Era 2012 quando Valdemar da Costa Neto foi levado a uma carceragem para cumprir a pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal pela sua participação no Mensalão, notório esquema de corrupção do lulopetismo. Foi condenado a nada menos que 7 anos e 10 meses de prisão, além de ter sido multado em 1,6 milhão de reais. O Brasil mudou desde lá. Em 2022, Valdemar da Costa Neto está de volta e já não apenas orbita o poder como está em seu centro. Não voltou pelos “braços do povo”, mas nos braços de um presidente fraco e temeroso de um processo de impeachment. Com isso, tornou-se eminência parda de um governo que foi eleito com a promessa de “combater o sistema”. A suprema ironia.

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Tal é sua influência e prestígio que Costa Neto passou a desempenhar funções informais como interlocutor institucional. Mantém conversas com representantes de outros poderes, principalmente do Judiciário, com quem o presidente Jair Bolsonaro mantém uma relação de conflito permanente. Recentemente participou de uma reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin. Segundo uma fonte ouvida pelo jornal Valor Econômico, Costa Neto se disse preocupado com o “radicalismo” nas eleições. Também se comprometeu a atuar no combate às “fake news”.

A lavanderia de reputações do Bolsonarismo fez Costa Neto ser esquecido como partícipe de um esquema que visava fraudar a democracia e o levou a condição de estafeta da legalidade. É um feito e tanto. Mas não surpreende. Estamos falando do ainda presidente do PL, partido que agora acomoda Bolsonaro e que deverá receber boa parte de seus principais apoiadores, até aqui dispersos em outras legendas. Com o fluxo de filiações, que incluem muitos parlamentares, principalmente oriundos do PSL, projeta-se que alcance a maior bancada da Câmara Federal e uma fatia gorda do bilionário fundo eleitoral.

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Enquanto os bolsonaristas anabolizam uma das legendas mais promiscuas do país, o presidente força para que a composição de sua chapa em 2022 tenha como vice o general da reserva e atual Ministro da Defesa, Valter Braga Netto. É aquele que, segundo matéria jamais desmentida do Estadão, fez chegar a Arthur Lira a ameaça de que não haveria eleições em 2022 se não houvesse voto impresso. Com isso, o presidente antecipa uma dupla blindagem caso venha a ser vencedor. A possibilidade de ser afastado do cargo esbarraria no amplo apoio congressual dos partidos e Centrão e também na rejeição a um substituto visto como ainda pior que o titular do cargo.

As movimentações políticas do presidente e de seu entorno apontam para um segundo mandato ainda mais populista, radical e conflituoso. Sua carapaça de revolucionário antiestablishment, como é sabido, foi colocada de lado, e não é de hoje. As condições mudaram. A nova etapa da relação de Bolsonaro com o fisiologismo e com o militarismo é hardcore.