O Financial Times se converteu ao comunismo. Em sua edição do último dia 1° de outubro, publicou um duríssimo editorial apontando os descaminhos e as falhas de Bolsonaro na condução da pandemia e para além dela. Segundo o jornal londrino, apesar das tentativas do presidente de “minimizar a pandemia como uma gripezinha", de sua “prevaricação sobre as vacinas” e da “promoção obstinada de remédios duvidosos”, é dos resultados da economia que vem a grande ameaça ao seu objetivo de reeleição.
Com a sanha eleitoral carcomendo o teto de gastos, os indicadores do país sofreram rápida depreciação pelo mercado, sepultando a tão falada “recuperação em V”. “A indisciplina fiscal do governo e o espectro da inflação de dois dígitos já levaram o Banco Central, independente, a aumentar as taxas de juros em 5,75 pontos percentuais desde março, tornando-se o mais agressivo do mundo”, escreveu o Financial Times, que prosseguiu: “O mercado de ações está tendo seu pior desempenho desde 2014, o real enfraqueceu e o prêmio de risco do país subiu.”
No último final de semana, o presidente partiu para a Itália onde participou da Cúpula do G20. No típico tom jocoso de alheamento da realidade que caracteriza sua conduta como mandatário, Bolsonaro transmitiu o cargo para o seu vice tratando a viagem como uma mera “folga”. Começava ali mais uma tarantela vexaminosa protagonizada pelo governo, agora na Europa.
Bolsonaro chegou ao evento representando a nação do grupo que tem os piores indicadores de crescimento projetados pelo Fundo Monetário Internacional para 2022: 1,5%. As estimativas do organismo indicam que será menor, inclusive, que o de outros países emergentes como Rússia (2,9%), Argentina (2,5%) e África do Sul (2,2%).
Além dos números tímidos da economia, o encontro também serviu para evidenciar em imagens o crescente isolamento político e diplomático do Brasil na comunidade internacional. No saguão em que as lideranças dos países mais ricos discutiam os desafios globais para os próximos anos, Bolsonaro estava circunscrito a um canto. Nas conversas informais, que servem para estreitar laços, iniciar acordos e criar alianças, o mandatário foi solenemente ignorado por seus pares.
Mesmo nos compromissos oficiais a representação brasileira foi tímida. Bolsonaro saiu antes do término do jantar oferecido pelo G20 e não se fez presente na primeira reunião de trabalho com príncipe Charles. Sem nem mesmo uma agenda de acordos bilaterais, o ponto alto de sua participação foi pisar no pé de Angela Merkel. “Só podia ser você”, disse a chanceler alemã. Sim, só podia ser o pária.
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