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Guilherme Macalossi

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Lula se mete indevidamente na eleição americana

Presidente Lula fará novos exames, após queda doméstica, no próximo domingo (10).
Presidente Lula. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Quantos votos Lula consegue para Kamala Harris na Pensilvânia? Bem provavelmente a mesma quantidade que Pepe Mujica conseguiu para Maria do Rosário no segundo turno das eleições em Porto Alegre. Se o presidente brasileiro for conhecido por um 1% do eleitorado americano será muita coisa. De modo que, excluída uma hipotética influência política nos Estados Unidos, sobra apenas o prejuízo diplomático que o Brasil pode ter pelos efeitos negativos de uma desgastante intromissão sua na disputa entre Republicanos e Democratas.

Ninguém sabe quem será o próximo presidente dos Estados Unidos. De modo que Lula manifestar apoio a Kamala Harris ou a Donald Trump é apenas temerário. Ao contrário do que manda o bom senso e o figurino geopolítico, Lula resolveu falar sobre suas preferências numa entrevista concedida a uma TV francesa. Ao canal LCI, Lula afirmou que “para o fortalecimento da democracia nos Estados Unidos, seria mais adequado a eleição de Kamala Harris à Presidência”. “A democracia é a coisa mais sagrada que o ser humano construiu. Eu obviamente estou torcendo para a Kamala ganhar as eleições”, enfatizou.

Em vez de bancar a cheerleader da candidata democrata, o presidente brasileiro deveria trabalhar nos bastidores para construir pontes com o futuro governo americano, o que inclui dialogar também com lideranças republicanas

É claro que Lula jamais diria que torce por Trump, até pela visão de mundo completamente distinta. Mas não é esse o ponto, até porque relações entre países devem se guiar, acima de tudo, pelo pragmatismo. De modo que, em vez de bancar a cheerleader da candidata democrata, o presidente brasileiro deveria trabalhar nos bastidores para construir pontes com o futuro governo americano, o que inclui dialogar também com lideranças republicanas.

Alguém poderá lembrar que Trump também se meteu na última eleição brasileira apoiado Jair Bolsonaro, e que Lula estaria apenas devolvendo na mesma moeda ao apoiar Kamala. Também não parece ser o caso. Lula escolheu se envolver deliberadamente sem medir consequências. A capacidade de o governo brasileiro retaliar o governo americano pela eventual interferência política em nossos assuntos internos é incomparavelmente menor do que numa situação inversa.

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Caso Trump acabe eleito, e a possibilidade de isso ocorrer é altíssima, as relações entre os dois países tende a sofrer as consequências, com prejuízo muito maior ao Brasil, que tem nos EUA o seu segundo maior parceiro comercial. E isso não é viralatismo ou qualquer outra expressão que signifique submissão aos norte-americanos.

Lula poderia ter escolhido outras palavras para expressar o que pensa, mas preferiu aquelas que o posicionam em um dos lados de uma disputa acirrada. Se o lado escolhido perder, o Brasil perde junto. E é esse o risco inerente a tomar decisões geopolíticas colocando a ideologia na frente dos bois.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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