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Guilherme Macalossi

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Maduro promete sangue para não deixar o poder

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e a primeira-dama, Cilia Flores, em evento cívico-militar, Caracas (Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez)

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À medida que se aproxima a data da eleição na Venezuela, cresce a pressão do regime Nicolás Maduro sobre a oposição. Atrás nas pesquisas de opinião, o ditador não esconde mais a disposição de ir até as últimas consequências para se manter no poder, inclusive com a possibilidade de instar uma guerra civil. “No dia 28 de julho se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil fratricida como resultado dos fascistas, garantamos o maior sucesso, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo”, bradou Maduro durante um comício em Caracas.

O facínora bolivariano acusa os outros do que é e aposta na chantagem e no medo para dobrar a sociedade venezuelana com o uso da força. Antes de citar explicitamente uma “guerra civil”, ele ameaçou com a possibilidade protestos violentos eclodirem pelo país. “Em 28 de julho, escolheremos entre protestos violentos e tranquilidade, colônia ou projeto de pátria, fascismo ou democracia. Estão preparados? Estão preparadas? Eu estou preparado".

A reação dos países vizinhos, principalmente o Brasil (indiscutivelmente o líder regional), é inversamente proporcional ao da gravidade que se constata na Venezuela de Maduro

Não é de hoje que Maduro empreende uma campanha de persecução jurídica e policial aos que ousam contestá-lo. Integrantes da oposição são deslegitimados através de práticas obscuras através dos aparelhos estatais transformados em apêndices do Executivo, este controlado com apoio das Forças Armadas.

Na prática, a Venezuela é uma ditadura militar apenas com roupagem democrática. Isso porque suas instituições não têm nada de independentes. O Legislativo (que funciona paralelamente ao órgão reconhecido pela comunidade internacional) e o Judiciário estão sob as ordens de Maduro. Ainda em março, Maria Corina Machado, que seria a candidata da unidade oposicionista, foi arbitrariamente impedida de concorrer. Assim como outros líderes, ela também corre risco de vida.

No último dia 18, Corina Machado acusou o governo venezuelano de atentar contra sua vida. “Nossos carros foram vandalizados e cortaram a mangueira dos freios. Agentes do regime nos seguiram desde Portuguesa e cercaram a urbanização onde pernoitamos. A campanha de Maduro é a violência e ele é responsável por qualquer dano à nossa integridade física. Não nos deterão", disse Corina Machado em vídeo publicado nas redes sociais.

Apenas nos últimos 6 meses, 46 oposicionistas ao regime bolivariano foram presos. Os números foram divulgados pela ONG Acesso à Justiça e ajudam a mapear um cenário crescentemente preocupante de esgarçamento social e político. A reação dos países vizinhos, principalmente o Brasil (indiscutivelmente o líder regional), é inversamente proporcional ao da gravidade que se constata na Venezuela de Maduro.

Quais serão as medidas que serão tomadas se ele cumprir o que promete de forma tão eloquente? Qualquer morte que venha a ocorrer será culpa exclusivamente sua, mas terá também a cumplicidade moral de todos aqueles que, por razões ideológicas, preferiram relativizar sua ditadura, escamotear seus arbítrios e coonestar suas práticas autoritárias.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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