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Guilherme Macalossi

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Marçal reivindica o bolsonarismo raiz e já ameaça Tarcísio

Em entrevista ao Flow Podcast, Pablo Marçal (PRTB) falou sobre estratégia para viralizar nas redes sociais.
Em entrevista ao Flow Podcast, Pablo Marçal (PRTB) falou sobre estratégia para viralizar nas redes sociais. (Foto: Renato Pizzutto/Band TV)

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Para onde pende o coração dos bolsonaristas? Até pouco tempo atrás, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era o favorito de quase todos. Mas aí surgiu Pablo Marçal e os arrebatou. Isso porque, já escrevi aqui, o ex-coach representa a “retomada de um espírito original, que, pelas circunstâncias, acabou sendo colocado em segundo plano pela família Bolsonaro”. Nada de conciliação com outros políticos, nada de alianças, nada de institucionalização. A força motriz que mantém o bolsonarismo mobilizado é a ideia de rejeição ao eles chamam de “sistema”.

Ao contrário de Marçal, que se estabeleceu na disputa pela prefeitura de São Paulo como aquele que se opõe a “tudo o que está aí”, Tarcísio é o pragmático disposto a construir pontes em nome de objetivos políticos de longo prazo. No último dia 4, em uma inserção na propaganda eleitoral do candidato Ricardo Nunes, ele apareceu dizendo que Marçal era a “porta de entrada para Boulos”. Segundo o governador, se o candidato do PRTB for ao segundo turno contra o psolista, tem maior chance de ser derrotado. Para Tarcísio, Nunes fora é pior cenário possível, inclusive para seus planos em 2026.

O ex-coach reivindica para si o que seria o bolsonarismo raiz. Parte considerável desse eleitorado já o identifica como tal, e ele sabe disso.

Até aqui, o conflito entre Tarcísio e Marçal era indireto. Mas o governador de São Paulo parece cada vez mais decidido a usar a força de seu mandato e sua influência de modo a desequilibrar a balança em favor do atual prefeito. Antes disso, já havia dito que, numa eventual disputa entre Marçal e Boulos, anularia o voto. E isso já fez o ex-coach mudar de comportamento.

Em entrevista para o UOL, Marçal disse que Tarcísio é uma “criatura feita pela transmissão de votos”. Também disse, durante um ato de campanha, que se disputasse o Planalto, Tarcísio não daria “conta de concorrer” com ele.

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Em meio à crispação crescente, Jair Bolsonaro vem mantendo uma posição no mínimo dúbia. E isso se dá exatamente porque ele sabe que ao rejeitar totalmente Marçal, pode comprometer a integridade de sua base, já bastante incomodada com Nunes. Ainda que não tenha se afastado oficialmente do atual prefeito, Bolsonaro trabalha nos bastidores para enfraquecê-lo. Inclusive instando Tarcísio a se afastar. O próprio governador teria dito a apoiadores mais próximos que o ex-presidente disse que seu apoio Nunes equivaleria a um “atestado de óbito” político.

Ainda ao UOL, Marçal disse que tem representado a “frente do conservadorismo”, que, segundo ele, “não tem dono” e ainda aproveitou para ameaçar o governador: “É melhor você defender o banana sem falar do homem de ferro, porque senão vai dar problema pra você”, disse. O ex-coach reivindica para si o que seria o bolsonarismo raiz. Parte considerável desse eleitorado já o identifica como tal, e ele sabe disso. Tanto que já se sente à vontade para liderar expurgos ideológicos. E, a depender do resultado da eleição, nem Tarcísio passará incólume.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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