Quantos desses que saíram às ruas nos EUA para protestar pela morte de George Floyd estão de fato preocupados com ele ou mesmo com o problema do racismo? As manifestações que se seguiram ao episódio da violenta abordagem policial ocorrida em Minneapolis parecem menos interessadas em buscar justiça e igualdade e mais interessadas em promover a desordem social e a insegurança generalizada.

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É necessário deixar bem claro que Floyd foi vítima de uma brutalidade de caráter claramente racista. Sem ter resistido, acabou sendo asfixiado por um policial branco, que, durante 8 minutos, manteve seu pescoço pressionado junto ao chão usando a força do joelho. A cena de selvageria correu o mundo, gerando uma comoção mais do que justificada.

Ao que parece, entretanto, a comoção acabou instrumentalizada por aqueles que queriam ter apenas uma licença poética para praticar outros incontáveis crimes. É o que está acontecendo nesse exato momento. Por certo, há muitos pacifistas se manifestando, mas é inegável também a ação de grupos radicais e violentos que se escudam entre aqueles que buscam apenas externalizar sua indignação. As depredações em massa, as agressões contra outras pessoas (algumas delas também assassinadas) e o saque a estabelecimentos comerciais dão a tônica de um clima de insurgência revolucionária que surge a partir dos EUA e começa a se espalhar pelo mundo.

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Ou roubar a lojas da Nike e da Louis Vuitton, ou tocar fogo em uma unidade da CVS ou mesmo da Target é a resposta certa para combater o preconceito? Essas empresas, afinal, não empregam negros? Por que se tornaram alvo?

A resposta é simples: há quem veja no próprio sistema capitalista o promotor da opressão social e, nessas empresas, alguns de seus estandartes e símbolos. Para estes agentes, a tal cultura da desigualdade é alicerçada nos próprios fundamentos do livre mercado. E, sendo assim, essa estrutura econômica deve ser destruída.

Peguemos um exemplo. Veja o que diz Silvio Almeida, professor da USP, que postou o seguinte em seu Twitter:

“Ser antifascista não é somente ser contra a violência dos fascistas, mas ser contra tudo a que o fascismo dá suporte e sentido. Assim, ser antifascista é ser contra a economia do fascismo, o direito do fascismo, a cultura do fascismo. A luta antifascista é uma luta existencial.”  

Em entrevista para o Nexo Jornal, Almeida afirma que a democracia liberal “é um modelo que não se preocupa com a substância da participação política, a efetiva participação das minorias para que elas possam, ao decidir, tomar conta do próprio destino”.

Ora, se a democracia liberal, na qual o livre mercado está inserido como uma peça fundamental, não se preocupa com a efetiva participação das minorias, então é fácil assumir que, segundo essa ótica, esse sistema supostamente gerador de desigualdades seria fascista em sua gênese.

Os Antifas, que estão nas ruas dos EUA e reapareceram na Av. Paulista e no centro de Curitiba nos últimos dias, pensam da mesma forma, mas não buscam a superação do atual sistema com palestras na Casa do Saber, e sim com paus, pedras, coquetéis molotov e rojões.

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A tão aviltada democracia liberal não é, como todos já sabemos, um sistema perfeito. E nem se pretende como tal. Mas é o sistema do aperfeiçoamento contínuo, que é conquistado pela fiscalização e pelo aprendizado com o erro. O policial que matou George Floyd já foi expulso de sua corporação, perdeu sua esposa e foi preso. É bem provável que, mesmo depois disso, o racismo persista, não apenas nos EUA, mas no resto do mundo. Ficará a lição, entretanto. E ela servirá para que novas condutas sejam incorporadas e medidas de contenção e prevenção sejam adotadas. Eis o ciclo de evolução institucional que é a única maneira encontrada até hoje pela a humanidade de modo a regular sua convivência. O resto são abstrações utópicas e perigosas.

Martin Luther King Jr, que se tornou mártir da causa da igualdade racial, sempre condenou a ação violenta. Os Antifas, que saem praticando atos de terrorismo urbano não apenas ofendem sua memória como também usam o corpo de George Floyd para promover agitação contra os fundamentos da liberdade. Bancam os humanistas comovidos, mas não passam de carniceiros ideológicos.