É de Edmund Burk, o pai do conservadorismo político, a frase “o povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la”. Pois vemos que, na esteira da onda de protestos antifas que sacudiram o mundo a partir do assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, surgiu uma militância que passou atacar estátuas de figuras históricas por considerá-las racistas.
O combate ao preconceito foi desvirtuado primeiro por aqueles que viram nele uma oportunidade para o exercício do anticapitalismo por meio da destruição de lojas e comércios, e, agora, por quem acha que pode fazer revisionismo na base da pura depredação do patrimônio público. Não, não são defensores da inclusão social e do igualitarismo, são apenas vândalos que usam o sentimentalismo tóxico como combustível para seus atos criminosos.
Talvez o monumento mais conhecido a se tornar alvo destes irracionais tenha sido o do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que foi pichado e acabou sendo isolado pelas autoridades do Reino Unido de modo a preserva-lo. No Twitter, o atual primeiro-ministro do país repudiou a ação dos antifas e disse que “a estátua de Winston Churchill no Parliament Square é uma lembrança permanente de sua conquista em salvar este país – e toda a Europa – de uma tirania fascista e rascista”.
Mas a estátua de Churchill não foi a única. Nos EUA, duas estátuas de Cristóvão Colombo, o navegador que descobriu as Américas, foram atacadas. Em Boston, seu monumento foi decapitado. Já em Richmond, sua estátua foi derrubada, queimada e atirada dentro de um lago. Em Lisboa, a depredação teve como alvo a estátua do Padre Vieira, um dos mais célebres jesuítas da história da Igreja Católica. O monumento foi pintado de vermelho e em sua base foi escrito “descolonizada”.
A pressão desses militantes começa a produzir resultados deletérios. A famosa estátua de Theodore Roosevelt será retirada da frente do Museu de História Natural de Nova York porque supostamente representaria o colonialismo e a discriminação racial. Roosevelt, que foi presidente dos EUA, também era um admirador da ciência e um entusiasta do conservacionismo e do naturalismo. Resta saber se alguém pedirá para que seu rosto também seja removido do Monte Ruschmore, onde esta esculpido ao lado de outros estadistas norte-americanos.
Já há quem defenda a remoção inclusive das imagens e vitrais de Jesus Cristo e Santa Maria, sob o argumento asqueroso de que elas são fruto de uma versão europeia e supremacista dessas figuras religiosas.
Nessa toada revisionista, teríamos também de derrubar o Coliseu Romano e as Pirâmides do Egito, já que obras profundamente relacionadas com a escravidão. E claro, pela lógica de quem vê até nas imagens de Jesus um símbolo da opressão, também o Cristo Redentor.
Como disse Boris Johnson, ainda comentando sobre o ataque ao memorial a Churchill: “Não podemos tentar editar ou censurar nosso passado. Não podemos fingir que temos uma história diferente. As estátuas em nossas cidades foram colocadas por gerações anteriores. Eles tinham perspectivas diferentes, diferentes entendimentos do certo e do errado. Mas essas estátuas nos ensinam sobre o nosso passado, com todas as suas falhas. Derrubá-las seria mentir sobre nossa história e empobrecer a educação das gerações vindouras”.
Essa onda de ataques contra estátuas vai na contramão da lição de Burke. A história humana não foi construída por seres perfeitos e infalíveis, nem é constituída apenas de ocasiões felizes. Muito sangue foi derramado e muitas tragédias foram produzidas. E essa é a realidade. Tentar purifica-la na base na violência, mesmo que sob a alegação de auspícios nobres, é apenas uma mistificação que não contribuí para o esclarecimento, e sim para o obscurantismo. Quem o faz não é progressista, é apenas um Talibã politicamente-correto.
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