É cada vez mais explícita a linha anti-israelense da política externa petista. Isso já se constatava quando do apoio do governo à investigação de genocídio proposta pela África do Sul contra o Estado Judeu pela resposta militar na Faixa de Gaza depois do atentado terrorista do Hamas em outubro de 2023. Some-se a isso a comparação ofensiva feita por Lula com Hitler, que gerou uma escalada diplomática sem precedentes entre os dois países e converteu o presidente brasileiro em persona non grata em Israel.
Agora o Itamaraty lançou mão de uma notinha pusilânime e indecorosa sobre o ataque iraniano, que mobilizou centenas de drones e mísseis balísticos como retaliação ao bombardeio israelense a um prédio em Damasco ocupado por integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana. O texto expressou “grave preocupação” com “relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria”. Não há, na posição brasileira, qualquer condenação objetiva ao ato belicoso, ainda que este tenha sido inédito, inclusive em sua audácia. O texto, aliás, trata o ataque em tom de especulação.
Que tipo de política externa é essa em que posicionamentos são tomados sem que se tenha conhecimento detalhado do que está acontecendo?
No dia 1º de abril, quando Israel destruiu o alvo iraniano na Síria, a posição brasileira foi muito distinta. Já na primeira linha da nota do Itamaraty houve a condenação da operação militar, além da ênfase em ressaltar a necessidade de “respeito à soberania e a integridade territorial dos países”. Quanto à integralidade territorial israelense, nada foi dito nem escrito. E nesse particular, a posição brasileira também ficou muito distante das demais democracias do Ocidente, que foram contundentes contra a teocracia iraniana.
Cobrado no âmbito interno, inclusive por entidades judaicas brasileiras, o chanceler Mauro Vieira tentou se justificar sobre o teor da nota. “Ela foi feita à noite, às 23h, quando todo o movimento começou. E nós manifestamos o temor de que o assunto, o início da operação, pudesse contaminar outros países. Isso foi feito à noite, num momento em que não tínhamos claros a extensão e o alcance das medidas tomadas; e sempre fizemos um apelo para contenção e entendimento entre as partes", disse.
Que tipo de política externa é essa em que posicionamentos são tomados sem que se tenha conhecimento detalhado do que está acontecendo? Vieira não teve o cuidado de ligar para as embaixadas brasileiras na região para saber o que se passava concretamente? Se não o fez, como admite, então é um desleixado e, portanto, incapaz de capitanear as relações exteriores. Os juízos peremptórios das autoridades brasileiras parecem existir única e exclusivamente para condenar Israel.
Um dos maiores financiadores do terrorismo global, o Irã foi anunciado como novo integrante dos BRICS em 2023. O grupo, que surgiu como uma plataforma de desenvolvimento econômico, passou a ser também um fórum antiocidental liderado pela China. A entrada do país controlado pelos aiatolás apenas evidencia sua reformatação geopolítica, com inequívoca participação e concordância do Brasil. Sob esse contexto até se explica o tom frouxo do Itamaraty. Fica chato criticar o novo sócio.
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