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Vence debate o candidato favorito que não perde votos ou o candidato que precisa aparecer para ser percebido pelo eleitor. Por isso é fácil dizer que se alguém ganhou no primeiro encontro de presidenciáveis, esse alguém foi Simone Tebet, do MDB. Mas não imediatamente. Só a partir da intervenção da jornalista Vera Magalhães, que, ao questionar Ciro Gomes sobre a queda da cobertura vacinal no Brasil, tirou Jair Bolsonaro dos eixos ao mencionar suas falas espalhando receio da imunização contra a Covid. Ao tomar a palavra, o presidente atacou a jornalista, que nem pôde se defender.
Até aquele momento, era Bolsonaro quem tinha vantagem, e com sobras. Abriu o debate emparedando Lula com o assunto corrupção. Grudou nele a delação de Antonio Palocci e foi firme com Ciro Gomes na oportunidade em que o respondeu sobre pobreza. Calibrou bem a narrativa com as ações de seu governo e muitos números.
Lula parecia pouco inspirado, cansado e repetitivo. Subestimou o estrago que as denúncias dos escândalos de seu governo poderiam lhe infligir.
Lula esteve apenas de corpo presente, aparecendo mesmo só ao final, quando era tarde demais. Evitar a discussão o colocou numa defensiva insana, sendo bombardeado incessantemente, principalmente pelo seu principal adversário, que o chamou de “ex-presidiário” em duas oportunidades. Parecia pouco inspirado, cansado e repetitivo. Subestimou o estrago que as denúncias dos escândalos de seu governo poderiam lhe infligir. Afinal, mesmo anulados pelo STF, seus processos também têm uma dimensão política, que é mais ampla do que o mundo do direito.
Afiado desde o início, Bolsonaro expôs o flanco apenas quando vociferou contra Vera Magalhães. Foi traído pelo instinto. As pesquisas mostram que ele tem enorme dificuldade com o eleitorado feminino. Ao responder de forma irascível com uma, permitiu o momento da virada da discussão, fazendo a temática social das mulheres assumir o centro da discussão. E foi ali que Tebet cresceu. Primeiro por se solidarizar com Vera Magalhães, e, segundo, por ter assumido uma posição de confrontação menos relacionada com sua campanha “coração de mãe”, e mais com a atuação que teve na CPI da Covid.
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Em dado momento do debate, os líderes das pesquisas enfrentavam dificuldades objetivas. Lula, que começou mal, agonizava numa estratégia que o deixava permanentemente contra a parede. E, apesar de ser natural que o líder das pesquisas evite a confrontação, é impensável que fuja ao ser confrontado. Foi o que fez. Bolsonaro, que começou muito bem, enfrentava, por sua vez, dificuldades para sair da temática que representa sua fraqueza. Em dado momento, voltou a falar de mulheres questionando Ciro e preterindo as candidatas que também poderiam responder. Um erro elementar que simboliza bem a dificuldade que ele tem em tratar do assunto.
Ainda que a média de audiência do debate tenha sido elevada, é improvável que se altere o rumo da disputa. A cristalização do voto, e, principalmente, do voto útil, parece ser inexpugnável, ainda mais faltando tão pouco para o pleito. Os dois favoritos saíram menores do debate, mas não o suficiente para não estarem no 2º turno, e Tebet pode ter crescido entre indecisos, mas não a ponto de realmente quebrar a polarização. Pelo menos não por enquanto.