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Jair Bolsonaro está inelegível até 2030. E assim permanecerá, por mais que ele ache o contrário, ou que seus aliados digam que sim apenas para confortá-lo (enquanto escolhem um substituto). O debate sobre a reversão da decisão do Tribunal Superior Eleitoral não passa de uma pantomima comprada como pauta pelo jornalismo apenas para render cliques. A chance de prosperar uma anistia que lhe beneficie é quase nenhuma. Na hipótese de ser votada pelo Congresso Nacional, será certamente derrubada no Supremo Tribunal Federal.
“Quem é o substituto do Lula no Brasil, na política. Não tem. E do Bolsonaro. Tem um montão por aí. Eu colaborei, eu fui a maior liderança. Estou muito feliz com isso. Fiz um bom governo, o povo reconhece. Sou recebido por uma multidão em qualquer lugar do Brasil. O pessoal tem saudade de mim. Sou o ex-mais amado do Brasil”, disse Bolsonaro em um almoço eleitoral ao lado de Ricardo Nunes e Tarcisio de Freitas.
Bolsonaro quer levar sua candidatura até as últimas consequências e deixar claro que não há direita sem ele. Já os demais, apenas aguardam o momento certo para obter seu apoio relutante e tomar conta de seus muitos votos
Questionado sobre quem seria o candidato da direita na eleição em 2026, Bolsonaro respondeu que seria “o Messias”. E pronto. Claro que todos os presentes, mesmo fazendo cara de paisagem, concordaram. E nem poderia ser diferente.
Há dois movimentos muito claros em andamento no campo da chamada direita política. Da parte de Bolsonaro, a valorização de passe. Ainda que fique fora das urnas em 2026, ao se reafirmar como candidato hoje, ele se impõe não apenas como líder, mas também como fiador de qualquer escolha que venha a ser feita. Tem, afinal, a militância nas mãos. Se não concorrer, quer que o candidato da direita se ajoelhe e beije sua mão. Já de Tarcísio e Valdemar da Costa Neto (e eles jamais admitirão isso) há a necessária administração do ego de um ex-presidente que está convicto de uma hipotética virada política contra o Judiciário.
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Se Tarcísio ou Valdemar ousassem discordar ou falassem publicamente em possíveis alternativas, seriam fritados publicamente por Bolsonaro. A divisão e implosão do antigo PSL é um exemplo do que ocorre quando o ex-presidente é contrariado. Como ainda faltam dois anos para a eleição, o melhor para eles é parecerem fieis e defensores de sua candidatura, até que a realidade se imponha e ele mesmo tenha de abrir mão dela em favor de outro nome.
As crispações entre Tarcísio e Pablo Marçal, depois entre Carlos Bolsonaro e Tarcísio, e até entre Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, evidenciam o que todos eles sabem mas não ousam dizer de público. Há uma guerra nada fria pelo protagonismo na esteira da disputa pela prefeitura de São Paulo. Bolsonaro quer levar sua candidatura até as últimas consequências e deixar claro que não há direita sem ele. Já os demais, que o veem como um estorvo sem viabilidade eleitoral, apenas aguardam o momento certo para obter seu apoio relutante e tomar conta de seus muitos votos.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos