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Guilherme Macalossi

Guilherme Macalossi

A vitória de Bolsonaro no 7 de Setembro não significa sua vitória nas eleições

Jair Bolsonaro colocou toda sua gente na rua no 7 de Setembro. O grosso da militância se fez presente, principalmente em cidades como Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Mas não apenas nelas. Em outras muitas, atos supostamente comemorativos da data serviram para acomodar uma gigantesca mobilização eleitoral. Dos líderes políticos brasileiros, ninguém tem nem de perto a capacidade de arregimentar seus apoiadores do que o atual presidente. E ele mostrou isso enchendo a Esplanada dos Ministérios, a orla de Copacabana e a Avenida Paulista. Uma demonstração de força.

Durante o dia, houve quem fizesse o esforço inútil de tentar minimizar a adesão maciça ao conjunto de manifestações. Cumpre perguntar a esses: qual outro candidato conseguiria juntar mais apoiadores nas ruas ao mesmo tempo em tantos lugares? Até Lula seria incapaz de tanto. A negação da realidade não é boa conselheira. Alguns, por rejeitarem Bolsonaro, acabam passando o ridículo de brigar com imagens que mostram outra realidade.

Qual outro candidato conseguiria juntar mais apoiadores nas ruas ao mesmo tempo em tantos lugares? Até Lula seria incapaz de tanto.

O presidente e seus aliados usaram o bicentenário da independência para capturar as atenções, no que foram muito bem-sucedidos. A relevância do fato histórico por si já seria o suficiente para atrair todas as câmeras e veículos de comunicação. E lá estavam eles. Na obrigatória cobertura das celebrações patrióticas, foram levados a dar publicidade também para a micareta oficialista. Bolsonaro usou a imprensa para amplificar seu discurso pelas redes de rádio e televisão, que o ajudaram a misturar o que era de interesse público com o que era apenas de seu interesse.

A estratégia de Bolsonaro mostrou-se acertada. A tão demonizada mídia lhe deu espaço desproporcional, com a quase exclusividade na cobertura jornalística durante toda a data. Enquanto seus concorrentes apareceram discretamente com notinhas ou breves citações, ele monopolizou noticiário. Teve espaço até mesmo para promover a autocelebração de sua suposta capacidade erétil.

Todas as imagens produzidas serão usadas para alimentar a indústria de narrativas que opera nas redes sociais, reforçando a mobilização política até o dia da eleição. As pesquisas que apontam Lula na dianteira serão contrastadas com fotos e vídeos do “povo na rua”. E, ainda que capacidade de mobilização política não signifique necessariamente adesão da maior parte do eleitorado (que permanece em silêncio) ou mesmo favoritismo, isso será o suficiente para manter a tropa aguerrida.

Para se reeleger, Bolsonaro aposta no mais descarado populismo econômico e político. Mandou às favas qualquer compostura, rasgou as regras fiscais e também as eleitorais. Não, nada do que viu no 7 de Setembro é capaz de determinar a vitória de Bolsonaro, ainda que ele possa vencer. O teor de sua mensagem, entre o ameaçador e o circense, não lhe abre pontes com os demais setores da sociedade. O candidato falava para sua bolha, achando que ela é o mundo inteiro.

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