Ontem o Google desejou “boas festas” aos súditos. Havia lá uns bichinhos coloridos, uns passarinhos, não compreendi bem. Nem uma palavra sobre um tal de Jesus Cristo e sobre o significado da festa em questão. Que o politicamente correto já tomou corações e mentes não se discute. O que impressiona, e deveria ser discutido, é a mal disfarçada afronta ao cristianismo, única afronta possível, aceitável, nos dias de hoje. Num mundo intoxicado de hipersensibilidade a ofensas, debates, questionamentos; num mundo em que qualquer senão a militâncias dispara alarmes éticos e julgamentos sumários, o cristianismo é o patinho feio, o bode expiatório, que tem de aceitar tudo quieto e não reclamar. De certa maneira, as coisas sempre foram assim. O Natal é de Cristo e é também de Herodes.
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No carnaval não se fala de outra coisa: é carnaval! E lá se vão quatro dias (no Nordeste, dezoito) de alegria, doenças venéreas, consumo de estupefacientes e gravidezes mal planejadas. Nas festas juninas, também: quem não quer que o filho seja o Mr Caipirinha? O ramadã é chamado de ramadã, com muito respeito, para que ninguém resolva explodir nada em volta. O ano novo é comemorado em alto e bom som, a Copa do Mundo de futebol é esperada com ansiedade, o concurso da Miss Universo, o Oscar, o prêmio Nobel, as eleições: tudo tem nome próprio, tudo é chamado pelo nome de batismo – menos o Natal. Parece haver gente muito doída no mundo que sofre se chamarmos o Natal de Natal, se nos lembrarmos de que toda essa alegria instantânea que nos acomete em Dezembro tem nome e sobrenome. Não são “festas”, nem “boas festas”.
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Militante do grupo Femen, seios em riste, tentou roubar, do presépio do Vaticano, a estátua do Menino Jesus. Era só pedir, se queria tanto. Eu me lembro dum outro episódio, pouco tempo atrás, em que as meninas cogitavam alugar um helicóptero e pichar o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Não é preciso ter mais neurônios do que o Gregório Duvivier para entender que, religião à parte, o feminismo radical chegou ao paroxismo. Há muito não se trata mais de defender as mulheres ou lhes garantir direitos – o que é bom e desejável. Ao contrário: certos movimentos fogem como o diabo da Cruz disso, porque o ativismo se retroalimenta; o ativista não pode ter suas reivindicações atendidas e respeitadas, porque seria o fim de sua razão de ser. O ativismo virou profissão como outra qualquer. O ativista é o funcionário público da revolta.
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Jesus era comunista? Só na cabeça de capitalista de apartamento Gregório Duvivier. Joel Pinheiro da Fonseca comenta. Subscrevo.
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