É carnaval e, como não poderia deixar de ser, só se fala naquilo. Fiz pesquisa exaustiva, juntei bibliografia especializada e decidi que a melhor coisa a ser feita é deixar que o “berro impresso das manchetes” faça o serviço por mim. Entre a verdade e a verossimilhança, aí vai minha crônica de Carnaval.
Musa do menor tapa-sexo desfila pela Renascer na Sacupaí. Mãe e filha saem de tapa-sexo e querem ensaio nas ruas. Vergonha na cara de Lula sai de tapa-sexo em trio-elétrico. Sabrina Sato revela que menstruou antes de desfilar. Folgo em saber. Geisy Arruda tenta ensinar a sambar, mas nem ela sabe. O que vale é a intenção, guerreira. Aos 45 anos, Ivete dá a luz a gêmeas em pleno Carnaval. No fim da luz há um túnel, crianças. Caetano vai subir em trio, mas não quer cantar. Ajoelhou, tem que rezar. Pabllo encarna Xuxa e divide palco com Preta Gil. Finalmente rodaram o disco da Xuxa ao contrário e o fim do mundo se avizinha. Zeca emagrece 10 kg. Não sei quem é Zeca. Musa da Tucuruvi faz greve de sexo antes do Carnaval. Sexo, só na avenida. Edilson quer manter fama de capetinha. Capeta quer manter fama de brasileiro. Lula recebe cinco cartas com pedido de namoro todas as semanas. Lula recebe uma notificação judicial por mês. Fantasia de Sheila Mello estoura durante desfile. Bom saber que a morena ainda é viva. Ou loira. Anitta canta “Sua cara” e rebola muito. Avisem para a self-made ass que é Carnaval e ela tem de fazer qualquer coisa realmente extravagante para conseguir destaque. Vestir-se, por exemplo. Fátima quer levar Túlio para curtir Cacique de Ramos após desfiles. Depois tem piscina de bolinha, dentista e lição de casa. O incrível Huck quer virar presidente. FHC abusou do THC e quer ver o Huck crescer. Brancos não podem mais se fantasiar de índios. Índios não podem mais vender fantasia para brancos. Laerte sai à rua fantasiado de si mesmo e é acusado de preconceito. Mulheres desfilam nuas em protesto contra a objetificação da mulher. Objetos protestam dizendo que não tem culpa no cartório. Cartórios e bancos só voltam a funcionar na quarta-feira à tarde. Correios prometem não funcionar nunca. Há quarenta dias não temos ministro do trabalho e ninguém sentiu falta. Há 500 anos não temos outra coisa senão Carnaval e ninguém até agora notou a diferença.
