Candidatos arrumadinhos nos respectivos postos, como criança em apresentação de escola. Todos sem coleira.
Ricardo Boechat comenta, assim de passagem, que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva “também foi convidado”, mas a Justiça o impediu de participar.
Risos.
Lula está de castigo no cantinho do pensamento. O castigo não é o cantinho, mas o pensamento.
Ricardo Boechat esclarece que as perguntas foram escolhidas por milhares de leitores do Jornal Metro.
Resumo das perguntas: emprego. Nós falamos em ideologia, ideias e propostas. Tudo groselha. O povão quer serviço fichado na firma.
2047, Ricardo Boechat termina de explicar as regras do programa. Há mais regras que programa.
Álvaro Dias tem tanto plástico na cara que terá de ser reciclado, quando morrer. Se morrer, porque pode levar 500 anos para se decompor. Álvaro Dias é um problema ambiental sério para Marina Silva cuidar.
“Glória a Deus, glória a Deus!”
Cabo Daciolo, o Cabo do Senhor, invoca Javé dos Exércitos para enfrentar as hostes inimigas.
As hostes inimigas olham para ele com aquela cara de “quem é esse, mesmo?”
Boechat, chato como uma Marília Gabriela careca, lembra a todos os candidatos que os leitores do Jornal Metro só pensam naquilo.
Não sei o que é Jornal Metro.
Geraldo Alckmin, com seu nariz pendendo à direita, o que explica muita coisa para a esquerda, começa a arenga de bom gestor. Pausa para o cafezinho.
Marina Silva agradece a Deus por estar ali. Eu, se estivesse ali, berraria “Pai, Pai, por que me abandonaste?!”, mas cada um se diverte como pode. Ela não tem jeito de quem teve festa de quinze anos.
Jair Bolsonaro também invoca Deus. Deus me livre de ser Deus nessas horas.
O capitão corrige o cabo e diz que está há mais tempo no serviço público, ganhando dinheiro nosso para não fazer exatamente nada de muito identificável.
Guilherme Boulos invoca Lula. É a disputa mais religiosa da história.
Guilherme Boulos é uma espécie de projeção holográfica de tudo aquilo que seu amigo repetente falava para justificar a burrice. Conheço montes de Boulos. Boulos é seu amigo cantando “Que país é esse?” a plenos pulmões e colando na prova.
Então surge a hierática figura de Henrique Meirelles, derivando soluções, explorando limites, garantindo integrais, toureando estatísticas, equilibrando metas inflacionárias. Ninguém entende nada.
Saudades do Brizola, viu.
Mas para que Brizola, se temos Ciro Gomes? Cada vez mais parecido com o Zacarias, dos Trapalhões, prometeu 2 milhões de empregos. Para isso, será preciso consertar “os motores do desenvolvimento”.
Confiar em político é quase tão difícil quanto confiar em mecânico. Um político que usa metáfora mecânica, então, é quase um pacto satânico.
Ciro Gomes também promete tirar 63 milhões de brasileiros do SPC.
Dá bilhão?
Guilherme Boulos pergunta a Bolsonaro sobre uma certa Val.
Bolsonaro responde que “no tocante a” Val, e a um monte de outras coisas, ele é honesto, ela não é fantasma, e faz notar ao excelentíssimo concorrente que pelo menos ele, Bolsonaro, não invade casa alheia.
Boulos com aquela expressão de “Não pode invadir?!”
Ciro pergunta qualquer coisa sobre modelo econômico a Geraldo, mas esqueci de prestar atenção na resposta.
Fui ver jogo de futebol.
Voltei, com toda a seriedade, para analisar os rumos do país.
Começa a coletiva do Felipão. Fui ver a coletiva do Felipão.
Voltei novamente.
“Brasil, ame-o ou deixe-o!”
Rumores dão conta de que Álvaro Dias tomará o lugar de Jared Leto na próxima história do Coringa, no universo expandido da Marvel. A conferir.
Marina Silva apresenta, com o fiapinho de voz, um trabalho escolar sobre saúde. Nem precisa ler, faz de cor. A classe ouve com atenção.
Saudades do Maluf, viu.
Bolsonaro volta triunfal e fala de sua especialidade científica: castração química de meliantes.
Falando em castração, Jair Bolsonaro está sereno demais. Está sendo pouco Bolsonaro. Não sei se isso assusta mais ou menos do que quando ele é muito ele mesmo.
De relance, confundo o beiço do Álvaro Dias com a cabeça do Henrique Meirelles.
(…)
Perdi a ordem das falas, agora é bola pro mato que o jogo é de campeonato.
Professor Charles Xavier, à paisana conhecido como Ricardo Boechat, fala pela enésima vez da “sala digital” da Band. Como se fosse uma coisa assim doutro planeta qualquer coisa digital.
A Band parece vizinha pobre que chega na casa da vizinha menos pobre e fica encostada, sem jeito, no batente da porta, depois de perguntar se tem cachorro.
Tira a sandália e entra aí, dona Band. É cedo ainda, vai já não.
Cabo Daciolo garante que a crise é mentirosa, porque basta fazer auditoria nas contas públicas e punir os 400 bilhões de sonegadores.
A sabedoria de Deus é loucura para os homens.
Sobre os refugiados venezuelanos, Álvaro Dias promete que não expulsará humanos do país.
Fui rever Blade Runner para conferir uma coisinha.
Henrique Meirelles, por sua vez, com toda a boa retórica de que é dotado, cheio de sensibilidade e wit, palestra que “vamos trabalhar para que os venezuelanos voltem para a Venezuela”.
Sobre aborto, Boulos afirma que esse é um tema das mulheres. Ponto para ele. Seguindo o raciocínio, afirmo que o comunismo é tema dos comunistas. Que o Psol é tema de psolistas. Que Boulos é tema de polícia.
Portanto, deixem o resto do país em paz.
Sobre ensino público, Bolsonaro garante: tiro, porrada e bomba. Em miúdos: disciplina.
(Nesse ínterim, descobri o que é Jornal Metro.)
Bolsonaro faz amizade com Cabo Daciolo.
Daciolo conclama a nação brasileira a ter fé nele, em nome de Jesus. Fui pedir asilo político na Guiana Francesa.
Voltei.
Bolsonaro, invejoso, diz que o profeta é ele.
Daciolo retruca: “Sou eu! Sou eu!”
Eleitores de ambos começam a ficar confusos e a se sentir atraídos, uns pelo candidato dos outros.
“Não terás outros deuses além de Mim.”
Boulos consegue finalmente encaixar a piadinha de que todos ali são “50 tons de Temer”.
Ele morreria feliz, depois dessa. Treinou muito no churrascão.
Cabo Daciolo: “Ciro, você é um dos fundadores do Foro de São Paulo”
Ciro Gomes não é, mas queria ser.
Daciolo joga na mesa suas informações sobre o Plano URSAL e desvenda a trama toda.
“Perdeu, playboy!”
A casa do comunismo começa a cair.
Fui jogar RPG.
Voltei.
Ciro está falando do “golpe”.
Ele também joga RPG.
Não sei se Daciolo é um agente dos Koch para confundir a esquerda ou um infiltrado dos Rockefeller para desnortear a direita.
Enquanto Geraldo Alckmin disserta eu tomo mingau de aveia com canela em pó.
Boulos diz que “Henrique Meirelles é o maior exemplo de uma coisa chamada porta-giratória, porta-giratória é raposa cuidando do galinheiro, e é isso o que faz o Estado brasileiro ser um Robin Hood ao contrário”.
Quero experimentar agora esse estupefaciente.
Álvaro invoca Sérgio Moro e promete refundar a República.
Eu prometo fugir dela.
Cabo Daciolo sapateia na retórica e insiste que o “Novo está chegando, o Novo está chegando!”
Chorão Amoêdo agradece.
Ricardo Boechat adverte Álvaro Dias para que observe os monitores que marcam o tempo da fala. O x da questão é que Álvaro Dias parece não conseguir virar o pescoço, de tanto plástico da garganta pra cima. Sinto daqui a agonia.
Isso aconteceu antes, mas perdi a noção do tempo.
Por fim, Cabo Daciolo decreta: “O problema que a nação está enfrentando hoje é a falta de amor!”, e eu concluo dizendo que não temos nem extrema esquerda nem extrema direita.
Só extrema estupidez.
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