Foto: Família Bolsonaro/ Flickr| Foto:

No princípio era o Bebianno.

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Desde então, numa sucessão desnorteante de intrigas, desencontros, presepadas, traições e ameaças, muitos recrutas de primeira hora foram expostos em praça pública, para servir de lição; alguns caíram ou saíram atirando; outros desertaram e ameaçam se alistar nas hostes inimigas.

Esse é o resultado, mais do que óbvio, da antipolítica bolsonarista.

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A opção preferencial pela ingovernabilidade tem método, costuma dizer Carlos Andreazza, mas parece estar saindo de controle.

Uma coisa é menosprezar negociações e acordos (mesmo quando legítimos) com opositores ou cardeais do Centrão; outra bem diferente é sabotar suas lideranças, implodir o próprio partido e assumir o risco de ser soterrado com ele.

Que ninguém (eleitores e aliados, ou ainda “o mercado”) finja escândalo. As cartas se exibiam sobre a mesa desde a pré-candidatura, e nada disso é novidade. Bolsonaro tem o inegável mérito de entregar exatamente aquilo que prometia: o caos.

“Mas e o PT?!...”

Nem tudo é notícia ruim, no entanto. Faz tempo que defendo a seguinte tese: consideradas todas as coisas, talvez o presidente seja inofensivo. Inofensivo, entenda-se, no que diz respeito a uma propensão mais forte e direta contra a ordem legal.

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Ainda que tenha pendores (e mais do que pendores) autoritários; embora não respeite imprensa nem adversários; por menor que seja sua intimidade com os ritos da democracia, falta ao presidente o pulso frio dos golpistas.

Ele rompe com todos à sua volta, em especial quando se trata de proteger seus filhos e respectivos interesses, que nem sempre (retifico: quase nunca) coincidem com os do Brasil. Por isso, meu temor de uma guinada ainda mais radical é até pequeno. Golpe, mesmo, a sério? Hoje, nem se quisesse, conseguiria.  Afinal de contas – quem está disposto a pegar em armas com ele?

A cúpula das Forças Armadas? Não acredito.

O STF? Duvido.

A imprensa? Nem perto.

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O Congresso? Já vimos que não.

Resta saber o quanto toda essa loucura afetará o país e, sobretudo, o desenho das próximas eleições. Os padrões e valores estão bagunçados de tal maneira – e isso também é culpa de um STF que não respeita a si mesmo; de uma esquerda que não se desapega de sua pior versão; de uma direita que não se reconhece no espelho da história – que, de repente, Bolsonaro ganha mais quatro anos para brincar de roleta-russa com o que resta das instituições.

Oremos.