Cesare Battisti está foragido.
A culpa, como se sabe, é do Lula. O último presentinho deixado pelo ex-presidente e atual condenado foi conceder asilo político para quem não é, nunca foi, perseguido político. Eles se entendem muito bem, jogam no mesmo time.
Battisti é um terrorista, ou até menos que isso: um assassino comum, reles, banal, chinfrim, sem vergonha, que fugiu para não cumprir na Itália pena por homicídio e roubo. Zanzou pelo mundo dizendo-se militante de esquerda, que ninguém sabe se é.
A ironia da coisa toda é que, como a extrema-esquerda costuma confundir preso político com político preso, fez vista grossa (na melhor e mais inocente das hipóteses) diante da tenebrosa figura.
Tenebrosa figura que veio parar no Brasil, curva de rio da criminalidade internacional, onde se apresentava como escritor. A vitória de Jair Bolsonaro ligou o alerta, ministro Fux determinou a prisão, Michel Temer decidiu extraditar o escritor, e o escritor, presumo que tomado de bloqueio criativo, escafedeu-se.
Obrigado, Lula, por mais essa.
Aproveitando o ensejo, já que falei em ministro, falemos da inacreditável declaração do inacreditável Dias Toffoli. Ele nunca decepciona quando tem chance de decepcionar:
O famélico togado prossegue dizendo que o aumento é para garantir a dignidade da magistratura, que “não tem que viver com o pires na mão”, sim eu disse sim eu quero sim: dignidade, pires, mão, magistratura, tudo na mesma frase, vertiginosa como um monólogo de Molly Bloom.
Consultei o Código Penal para me certificar das palavras que não posso escrever a respeito desse episódio e dessa triste, dessa tristíssima Excelência, sem arcar com as custas de um processo que não viria em boa hora.
Respirei fundo, consultei o saldo bancário, não há saldo bancário, e portanto tenho a dizer apenas o seguinte: dinheiro nenhum deste mundo garante – no caso, compra – a dignidade para quem não faz a mais vaga ideia do que venha a ser dignidade.
A depender de juízes assim, com esse espírito mais púbico do que público, rogo que a magistratura siga os conselhos do ministro e pare de vez: consultemos o cacique da tribo, o quiromante da esquina, o palhaço do circo.
Que Ricardo Lewandowski não me leve a mal, mas é muita falta de vergonha na toga.