Das profundezas da irrelevância, eis que surge Dilma Rousseff. Eu estava com saudades, você não estava? Eu estava. Com sua proverbial acurácia, cheia de si e cheia de wit, aproveita o timing daquele jeito muito dela e dispara, como quem gritasse eurekas
Tadinhos dos pretos, gente. Mais essa agora.
Antes as ofensas da semana ficassem na fala do William Waack. Pois agora nossa ex-desgovernante quer atribuir aos pretos as mazelas do seu governo, do governo anterior ao seu e decerto dos futuros governos do PT – e toda a herança maldita que nos legou Michel Temer, que só está onde está e faz o que tem feito porque, salvo engano, figurava na mesma chapa de Dona Rousseff.
Embora eu não concorde com a grita em torno da fala desastrada de William Waack, acredito que essa outra fala, a de Dilma Rousseff, deveria doer ainda mais fundo, e por mais tempo, na alma de cada um que se importe com as dores do preto brasileiro. Porque o governo do Partido dos Trabalhadores, feitas as contas, não é coisa de que se orgulhe.
Aliás, o PT, infelizmente, é coisa de branco. Mea culpa, mea maxima culpa. De branco da USP, de branco das centrais sindicais, de branco do ABC, de branco da ala mais à esquerda da Igreja, de branco para quem o preto, o pobre, o desempregado sempre foram abstração.
Karl Marx era branco. Lenin era branco. Stálin era branco. Hitler era branco. Muita coisa ruim é coisa de branco. O Mensalão, o Petrolão, os Fundos de Pensão: tudo isso é coisa de branco: do branco da pele e do branco dos colarinhos. Deixe os pretos fora dessa, Dilma Rousseff. Esse foi um pensamento que você teve, equivocado como sempre. PT não é coisa de preto não. A fraternidade é vermelha.