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Retrospectiva 2018

Wikimedia Commons (Foto: )

Como diz o vulgo, “um homem prevenido vale por dois”. Se é verdade eu não sei, porque o vulgo quase sempre diz muita besteira, mas para ver livre desde já a consciência, resolvi fazer a retrospectiva – ou prospectiva, a depender do ponto de vista – do ano de 2018. Sim, leitor atento, você leu certo: de 2018, este ano que começa daqui a três dias. Gosto de antecipar as coisas e, convenhamos, o que trazem os anos de diferente, uns dos outros? Nada. Portanto: de volta para o futuro agora mesmo.

Escândalos, assassinatos, atentados terroristas cometidos por Decepticons, morte de gente famosa, célebre, reconhecida, importante, relevante – ou muito pelo contrário. Um prêmio Nobel mal escolhido aqui, um Oscar para filme de superação ali, uma decepção futebolística acolá, Lula dizendo que não sabe, nunca soube, nunca saberá de nada.

A corrupção prosseguiu em sua jornada inexorável rumo a lugar nenhum (ou, mais precisamente, ao lugar nenhum conhecido como nossos bolsos). Os 60 mil assassinatos no país surtiram efeito, e os apóstolos da paz conseguirão dificultar ainda mais a compra de armas: em pouco tempo teremos por volta de 70 mil assassinatos, tudo para não dizer que não somos melhores em alguma coisa.

Chegamos entre os 198 primeiros nos rankings de educação, o que merece ser comemorado efusivamente, porque poderia ser pior. (Quantos países há no mundo?)

Nosso governo continua a dialogar com governos que não costumam dialogar com ninguém, salvo se com bombas amarradas ao corpo. Certos políticos falaram bobagens para que outros políticos retrucassem falando bobagens, e uns defenderam estes, outros defenderam aqueles, porque eleitores gostam de bobagens tanto quanto aqueles que elegem.

Impostos, quedas de bolsa, altas de bolsa, epidemias (reais ou hipotéticas), alguma pesquisa qualquer sobre/contra/a favor do café, do sal, do ovo, da carne vermelha.

As eleições foram o sucesso de costume: mais gente compareceu às urnas e acreditou em seu resultado do que o contrário. O ceticismo em política ainda é, infelizmente, uma virtude esquecida.

Gente que deveria estar presa está solta, gente que deveria estar solta está morta, gente que deveria estar morta acabou de se reeleger. Não que eu deseje o pior para ninguém, não me entendam mal, são coisas que acontecem.

Um homem foi a maior personalidade feminina do ano.

Woody Allen filmou mais uma película: críticos como sempre disseram que ele se repete; e ele de fato repete os mesmos diálogos que, sem muito esforço, ainda são melhores do que os diálogos e argumentos de quase tudo o que se produz com orçamento dez vezes maior.

Escândalos sexuais envolvendo o Jon Bon Jovi não foram revelados porque, convenhamos, é o Jon Bon Jovi e moça nenhuma reclamaria disso.

Aos mais jovens recomendo: tomem cuidados e canjas, evitem o chão frio, não façam elogios a homens, mulheres ou crianças. Não sejam preconceituosos criticando a cultura alheia e não sejam preconceituosos se apropriando da cultura alheia. Quanto à liberdade de expressão, lembrem-se: depende do seu lugarzinho neste mundo. Se o seu lugar de fala não for o lugar de fala apropriado, engula sua língua e espere no cantinho do pensamento até que lhe deem permissão para falar.

Feliz 2019.

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