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Robôs, eleitores e outros seres extraordinários

Dr. Steel Robot Band. Wikimedia Commons (Foto: )

Investigações confirmam o que muita gente suspeitava: “social bots” tiveram papel importante nas eleições presidenciais de 2014, nas municipais de 2016, no impeachment, na escolha do Papa e nas trocas de técnicos do Palmeiras. Dizem que, se Trump não tivesse robôs a seu favor, o resultado do pleito americano seria outro. Desta, tendo a duvidar: Hillary Clinton era uma candidata tão ruim que provocaria revolta em robôs, zombies, vampiros – e até eleitores. Deu no que deu.

Há tempos notícias dão conta de que na China existem “fazendas de likes”: empresas compram manifestações sobre seus produtos ou serviços, os “likes”, moeda tão valorizada hoje em dia quanto o famigerado bitcoin. Considerando a quantidade de chineses que há no mundo, eles devem estar decidindo até o que eu como no jantar e não sei. Algumas das reações da minha mulher, que sempre considerei suspeitas, ganham novo colorido. A investigar.

Robôs são perfis falsos nas redes sociais que disparam opiniões favoráveis sobre uns, desfavoráveis sobre outros e, consequentemente, induzem a sempre induzível opinião pública a votar neste e não naquele; a temer aquele e não este. Isso pode influenciar, de fato, o voto, a compra, a demanda, a emoção. Não que seja surpreendente: a publicidade (política, inclusive) nunca fez outra coisa. A escala aumentou, a tecnologia melhorou. Conte-me novidades.

Mas, lendo por alto a pesquisa, um dado chama a atenção: o candidato Aécio Neves teve mais robôs a seu favor que a candidata (e vencedora) Dilma Rousseff. Que coisa terrível. Isso depõe contra ela, evidentemente, porque demonstra o que muita gente suspeitava e não tinha comprovação científica: a credulidade de um petista é mais eficiente que a de qualquer maquininha.

Falando neles, José Dirceu ressurgiu das trevas para convocar os replicantes, minto, os militantes: “A hora é de ação, não de palavras.” Como se nunca tivesse sido. Dirceu se empolgou um pouquinho: quer que se transforme em energia “a fúria e a revolta, a indignação e mesmo o ódio”. Dia 24 de janeiro será “o dia da revolta”. Quem precisa de robôs quando se têm autômatos tão fiéis e tão baratinhos?

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