Brasileiros e brasileiras, reinicio os trabalhos (sem trocadilho) pedindo vênia aos simpatizantes das religiões ou filosofias porventura incomodadas com este breve, desimportante e esquecível texto. Qualquer semelhança com personagens reais ou imaginários, por mais que se pareçam muito com vizinhos ou parentes próximos, eleitos e eleitores, é coincidência. Garanto no fio da barba.
Aconteceu no Sergipe: uma “falsa carta psicografada” provocou debates acalorados às vésperas da sucessão eleitoral. A “falsa carta psicografada” (reparem: não basta ser psicografada, tem de ser falsa) trazia críticas ao ex-governador Fulano de Tal. (Ninguém conhece. Esqueçamos o nome do Fulano de Tal.)
Se o mundo quer mesmo saber, esse é o estado da arte quando o assunto é fake news: “falsa carta psicografada”.
Mas é fato que, ceticismo de um lado, credulidade de outro, as eleições na Terra de Vera Cruz realmente são coisa doutro mundo. Já não bastam as fraudes possíveis (prováveis) nas urnas eletrônicas. Agora a fraude é metafísica. Enquanto nos Estados Unidos o lobby é permitido, legalizado, conhecido, aqui ninguém sabe quem, ou o quê, influencia quem, ou o quê, e de que modo.
Também pudera: forças do além interferem no estado-democrático-de-direito-etc-e-tal há mais tempo do que se imagina.
Pois alguém ainda acredita, em sã consciência, que José Sarney está vivo e são? Morreu e nos psicografa os mandos, desmandos e mandamentos de lá.
Haverá quem acredite, em sã consciência, que Michel Temer algum dia esteve vivo? Água benta, por favor.
E o Centrão?
Não bastassem essas entidades já suficientemente zombeteiras, temos de nos haver com o Aquele-Lá, o Arrenegado, o Cão, o Cramulhão, o Indivíduo, o Galhardo, o Pé-de-Pato, o Sujo, o Homem, o Tisnado, o Coxo, o Temba, o Azarape, o Coisa-Ruim, o Diá, o Dito Cujo, o Mafarro, o Pé-Preto, o Canho, o Duba-Dubá, o Rapaz, o Tristonho, o Não-Sei-Que-Diga, O-Que-Nunca-Se-Ri, o Sem-Gracejos, o Muito-Sério, o Sempre-Sério, o Austero, o Severo-Mor, o Romãozinho, o Rapaz, Dião, Dianho, Diogo, o Pai-da-Mentira, o Pai-do-Mal, o Maligno, o Tendeiro, o Mafarro, o Manfarri, o Capiroto, o Das Trevas, o Bode-Preto, o Morcego, o Xu, o Dê, o Dado, o Danado, o Danador, o Diacho, o Demonião, Barzabu, Satanazin, Satanão, o Dos-Fins, o Solto-Eu, o Outro, o Ele, o Oculto – e tudo quanto Guimarães Rosa nos ensinou sobre os nomes do Capeta, residente e domiciliado na capital do Paraná.
Alguém ainda duvida que o pleito eleitoral neste país abençoado por Deus é decidido por vias outras que não as eleitorais, institucionais, democráticas, humanas e terrenas? Como indício forte sugiro ao descrente assistir a qualquer discurso, entrevista, declaração, récita, depoimento, parabéns-a-você ou pêsames vindos do senhor Gomes, Ciro Gomes.
Se esse excelentíssimo não está possuído por Qualquer-Coisa, não sei o que é possessão.
Encontrou o Brasil por aí? Faz o sinal-da-cruz e chuta. É macumba.
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