Vamos começar do começo: este não é, não será, um blog político. Não se o leitor esperar de mim “opiniões políticas” que nem as desses colunistas mais conhecidos: opiniões muito informadas sobre delações, coligações, cargos, ministérios, climatérios de Brasília. Meu Deus, eu não sei quem é quem, onde é onde, quando é quando. Sou, serei, prometo ser – o menos informado dos cronistas.
Num país em que Fufuca existe e manda, ou mandou, em alguma coisa, melhor não saber de nada.
Ser muito bem informado sobre as coisas que se passam “nos bastidores do poder” depõe contra a pessoa informada, sinto muito. Que bom que essas pessoas existem e fazem o serviço sujo e lavam os banheiros da cultura nacional. Eu não trabalharia em minas de carvão, mas fico contente que alguém trabalhe. Eu não trabalharia nos corredores do Congresso, nem ligaria à meia-noite para deputado nenhum, mas fico contente que alguém o faça. Essa política rasteira – que dispensaria o adjetivo, porque toda política que se faz no país é rasteira – não me interessa muito.
(Sei que vou ter de me haver com ela e desmentir essa afirmação; não tem problema. Gosto da ideia de começar mentindo.)
Não quero pensar nela todos os dias. Não quero que o leitor pense nela todos os dias. Sim, eu sei, você sabe, toda a gente sabe, que há certa verdade naquele ditado: “quem não se interessa por política será governado por quem se interessa”. Porém o leitor há de convir que, muitas vezes, a melhor maneira de fazer política é não fazê-la de jeito nenhum. Não pensar nela tão detidamente.
O que espanta, no Brasil, no Brasilzinho esquisito dos últimos meses, dos últimos anos, não é a polarização, o clima bélico, muito alardeado. Todo mundo é covarde demais para fazer guerra. Não somos tarados por eficiência como alemães. O que incomoda, ao menos a mim incomoda, é a politização de tudo. É meter um vereador em cada milk-shake. É enfiar um deputado no prato da sopa. É pensar num senador da república quando se está com a mulher na cama.
Eu vou sim falar de, sobre, política. Entretanto, quero falar dela com o desprezo que merece. Quero falar dela como se quisesse falar doutras coisas. Dos livros que li, leio e quero ler. Dos filmes. Da música. Da foto de gatinho na rede social. Muito da salvação do país, se é que será salvo, se é que merece ser salvo, se é que há salvação, talvez parta do seguinte princípio: deveríamos pensar menos no Lula, menos no Temer, e mais em fotos de gatinhos e vídeos de cachorrinhos em rede social.
O melhor jeito de fazer política é não fazê-la.
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