Em sua 57ª edição, a Bienal Internacional de Arte de Veneza aproxima os criadores e o público, além de enaltecer a responsabilidade dos artistas em trazer reflexões para um mundo conflitado.
“Numa época de desordem global, a arte envolve a vida, mesmo com as inevitáveis dúvidas que vão surgir. O papel, a voz e a responsabilidade dos artistas são mais cruciais que nunca, em meio aos debates contemporâneos. É através dessas iniciativas individuais que o futuro do mundo toma forma, e, embora incerto, ele é muitas vezes melhor intuído pelos artistas que por outras pessoas.” Diz Christine Macel, curadora da bienal e do Centro Pompidou de Paris, em seu texto de apresentação. São mais de 50 países e 120 obras que transformam a cidade de Veneza na maior feira de arte do mundo, mostrando o que há de mais intrigante e inovador na arte contemporânea.
O Brasil marcou presença com cinco artistas, a paulista Erika Verzutti, o carioca Ernesto Neto, que levou índios para fazer a dança da jibóia, o baiano Ayrson Heráclito, o pernambucano Paulo Bruscky e a mineira Cinthia Marcelle. Uma das propostas da 57ª Bienal são as ‘Mesas Abertas‘, uma ação que serve como espaço de debates entre os criadores e os espectadores. “Toda aproximação é fundamental, é preciso estar aberto para receber a todos com gentileza, coisa que falta em nossa sociedade.” Comentou Ernesto Neto.
Uma das exibições mais comentadas dos últimos tempos é a “Treasures From the Wreck of the Unbelievable” do Damien Hirst, são 54.000 metros quadrados e 189 obras de arte, incluindo uma escultura de mais de 18 metros de altura que ocupam os museus ‘Punta della Dogana‘ e o ‘Palazzo Grassi‘. Financiada pela fundação do bilionário francês François Pinault, a exposição conta com artefatos do grande colecionador Cif Amotan II, que foram recuperadas das profundezas do Oceano Índico. À BBC, Hirst contou que investiu mais de US$64,5 milhões da sua própria fortuna só para realizar esse projeto.
Mas ao ver uma escultura auto-retrato do artista em bronze, segurando o Mickey Mouse, o visitante logo descobre que a história do naufrágio não passa de uma mentira extremamente elaborada. O artista inglês adaptou a exposição à mentalidade dos ‘caçadores de troféus‘ ou colecionadores ricos, é a chamada arte do ‘Post-Truth‘. A maior parte das esculturas estão a venda em três versões: Coral (como se tivesse acabado de ser recuperada do fundo do oceano), Tesouro (recém restaurada) e Cópia (reproduzida por um museu). Os corais são todos artificiais, os bronzes foram fundidos pela fundição Pangolin Editions, no oeste da Inglaterra e os mármores esculpidos em Carrara, na Itália. Os preços das obras chegam a US$ 5 milhões, e já se cogita um sucesso comercial maior que o leilão do artista em parceria com a Sotheby’s em 2008.
Anthony Quinn criou a obra ‘Support’, onde duas mãos emergem da água como se pedissem ajuda. “Espero que a minha arte traga um novo foco de atenção para uma calamidade global com a qual nos deparamos. Veneza é agora a capital da arte do mundo durante a Bienal, mas a cidade da arte está ameaçada e precisa da nossa ajuda e protecção.“ reflete o artista. A 57ª Bienal Internacional de Arte de Veneza vai até o dia 26 de novembro. Clique aqui para acessar o site.
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