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Quem ainda acha que a crise entre campesinos paraguaios e agricultores brasileiros no país vizinho não é séria, precisa ler matéria de hoje no NYT. Não seria totalmente imprudente dizer que esse é um problema maior do que a questão do preço da energia de Itaipu.

Na hidrelétrica, o Brasil — e os brasileiros — possui uma segurança jurídica inexistente nos rincões do campo paraguaio. O número de invasões e a violência têm aumentado. A matéria também relata casos de milícias contratadas para proteger as fazendas de brasileiros.

Segundo a reportagem, faixas num acampamento de sem-terra em São Pedro, uma das regiões mais pobres do Paraguai e onde Fernando Lugo atuava como bispo, dizem: “Fora, brasileiros” e “Terra ou morte”. Um campesino entrevistado faz referência à Guerra do Paraguai, “quando eles quase acabaram com a gente” (e não está mentindo).

Esse discurso nacionalista — como todo discurso nacionalista — é vesgo. A contribuição dos brasiguaios para o desenvolvimento paraguaio é imensa.

Dois dados da reportagem:

1) O Paraguai é hoje o quarto maior exportador de soja no mundo.

2) Mais da metade dos produtores do grão são brasiguaios.

Os brasileiros têm levado tecnologia. A agricultura de subsistência, feita com a enxada, é tão romântica quanto ineficaz. Pode até ter algum apelo social, mas riqueza, que é bom, não gera. O Paraguai tem muito mais a ganhar protegendo os fazendeiros brasileiros.

Claro que quem recebeu/comprou título de maneira irregular, como acusa o governo Lugo, deve ser punido pelo que diz a lei. Mas esses casos são minoria entre os brasileiros.

O perigo é que os sem-terras se sintam impunes para agirem ao perceberam que o líder do país está do lado deles. E de fato está, ao que tudo indica — ainda que tenha uma base conservadora que não lhe dê muita margem para manobra.

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Agora, absurdo dos absurdos é esta notícia aqui. O presidente paraguaio quer que os contribuintes brasileiros paguem, via Itaipu, pelo seu novo avião presidencial, o AeroLugo. É mole?

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