• Carregando...

Vejo Galvão Bueno lamentando o fato de dois brasileiros — Jorge Terceiro e Renato Gomes — terem se naturalizado para jogar vôlei de praia pela Geórgia nesta Olimpíada. Seria um “precedente perigoso” e “infelizmente” isso ocorreu com o Brasil.

O locutor, claro, é o porta-bandeira do ufanismo global em tempos de grandes eventos esportivos. Mas não lembro de Galvão ter dado um piu sobre o Felipão durante a Copa do Mundo, sugerindo que ele fosse um traidor. Seguindo essa lógica, o ucraniano Oleg Ostapenko, técnico da ginástica olímpica brasileira, e o espanhol Jordi Ribera, da seleção masculina de Handebol, também são uma “infelicidade”?

Ora, a Olimpíada é o auge da carreira de qualquer atleta. Se você – seja qual for o motivo – não consegue chegar aos Jogos pelo seu país, por que não aproveitar outras oportunidades? O caso dos brasileiros não é isolado. Em tempos de mundo plano, a tendência é que isso só aumente.

Nos EUA, a jogadora de basquete Becky Hammon se naturalizou russa e joga a atual competição com a camisa da ex-república soviética. Becky é considerada uma das melhores jogadoras da WNBA, mas não entrou no “shortlist” da treinadora da seleção de basquete dos EUA. Aos 31 anos, essa provavelmente seria sua última chance de participar de uma Olímpiada. Encontrou a oportunidade em Moscou. Como ela bem diz, não deixou de ser menos americana por causa disso. “A camisa que estou usando não me faz quem eu sou. Não tem nada a ver com o que está escrito no meu coração.”

Preeti Aroon, do blog da Foreign Policy:

Alguns podem criticar Hammon por não ser patriota, mas ela está abraçando duas coisas que os americanos estimam muito — capitalismo e a liberdade de buscar a felicidade. Em um mundo de atletas sem fronteiras, como Lukas Podolski, espere mais jogadores talentosos apostando alto.

Emanuel, da dupla Ricardo e Emanuel, definiu bem a participação dos “brasileiros georgianos” em Pequim:

Essa é a magia do esporte. Quando não se tem a oportunidade em um lugar, tem que se buscar em outro. Eles estão de parabéns por conseguirem este espaço e por estarem na Olimpíada.

**

Em tempo. O Daniel Piza fez um belopost sobre a ideologia no esporte:

Vibre-se com os dribles e gols de Ronaldinho & cia. Não se vista neles uma fantasia de nação.

**

Atualização: “They don’t know who is the president of Georgia, I am sure.” Alexandra Shiryaeva, jogadora russa de vôlei de praia, após ser derrotada pela dupla da Geórgia, formada por duas brasileiras — Cristine Santanna e Andrezza Chagas.

Agora, fiquei na dúvida. Quem sabe o Galvão tenha se referido a elas, e não à dupla masculina — o que não muda em nada o que foi dito.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]