A colega Helena Carnieri passou os últimos dias no Rio de Janeiro acompanhando a visita de Nicolas e Carla Sarkozy. Segue um relato dela de uma pequena rixa entre o presidente e um jornalista francês:
O jornalista que provocou o presidente francês Nicolas Sarkozy na terça-feira, ao perguntar sobre suas férias no Brasil – num momento de crise econômica mundial e uma semana após a polícia encontrar bananas de dinamite na loja parisiense Printemps –, provavelmente veio ao país de carona com Sarkô.
Um avião com 70 jornalistas e fotógrafos europeus fez parte da comitiva de cinco aeronaves em que o chefe de Estado francês chegou no Rio para as cúpulas entre Brasil-França e Brasil-União Européia (Sarkozy encerra seu mandato semestral à frente do Conselho Europeu na semana que vem).
O jornalista questionou se sete dias longe do país não eram além do razoável.
“Sorte a minha ter um jornalista como você para fazer essa pergunta”, ironizou o presidente. Provavelmente o repórter terá de voltar de avião de linha… ou o presidente irá reclamar diretamente a seu amigo Arnaud Lagardère, proprietário do grupo de mídia que dirige a Rádio Europa 1, para a qual o jornalista trabalha, e a revista Elle, entre outros veículos.
Bem que Sarkô tentou evitar constrangimentos: na cúpula Brasil-UE, na segunda-feira, uma centena de jornalistas foi brindada com um “pronunciamento” à imprensa. Nada de entrevista coletiva. E ainda assim, todos os jornalistas foram posicionados atrás de um cinturão de fotógrafos e cinegrafistas em pé sobre cadeiras, que bloqueariam qualquer sapato atirado lá de trás. Hoje, ele se arriscou e falou por 20 minutos com os jornalistas. Levou sapatada, ainda que simbólica.
Sarkô argumentou assim seu descanso em Itacaré, no litoral baiano: “Faço as coisas com seriedade. Mas, nesse momento de festas, não posso ter um prazerzinho?”