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Hoje me deparei com um texto interessante, publicado pelo site Hypescience, que traz exemplos de pessoas que não têm as pernas e se destacaram naquilo que fazem. São 10 textos bem curtinhos contando um pouco da vida de homens, mulheres e uma criança, de países diferentes, que se adaptaram a uma mesma adversidade, cada um a sua maneira, e desenvolveram o seu potencial no esporte, na dança, na arte, ou em suas profissões.

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Dentre essas histórias, uma me saltou aos olhos, a do fotógrafo Kevin Michael Connolly. Ele nasceu sem as duas pernas, no estado de Montana, nos Estados Unidos, em 1985. Durante a universidade, Connolly se dedicou à produção audiovisual e fotográfica e também praticou esportes radicais. Aos 21 conquistou o segundo lugar nos X Games de Inverno e com o dinheiro pago como premiação, iniciou uma viagem pelo mundo, realizando um projeto fotográfico muito curioso: Kevin fotografava as pessoas o encarando.

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Essa encarada é muito natural e, pelo menos pra mim, é imperceptível. Uma pessoa com deficiência atrai olhares onde quer que ela vá, porque isso é inerente à curiosidade humana. As pessoas olham, por vezes, fixamente e é desse encarar que estamos falando. O fotógrafo americano tirou vantagem disso e fez mais de 32 mil fotos, em 31 cidades, de 15 países. O conjunto dessa obra virou um projeto chamado The Rolling Exhibition, ou A Exibição que Rola, em tradução livre.

Na minha opinião, pode-se trabalhar um sentido duplo nesse nome. A exibição pode ser o conjunto das fotos dele, que foram tiradas enquanto Kevin se locomovia com o apoio de um skate, ou a exibição pode ser o próprio fotógrafo, que chamou a atenção de tantos olhares ao redor do mundo. O site do projeto tem uma chamada muito boa, que por si só já faz pensar. “15 países, 31 cidades, 32 mil fotos. Uma encarada”.

No site há um depoimento em que Kevin comenta mais sobre a ideia de fotografar as pessoas olhando para ele. Tomei a liberdade de traduzir e compartilhar, porque a reflexão é interessante:

“Todas as pessoas tentam criar uma história nas suas próprias cabeças para explicar coisas que as confundem. Da mesma forma que nós temos vontade de saber o segredo de um truque de mágica, ou o final de uma história de suspense, nós queremos saber como uma pessoa diferente, estranha, ou desfigurada ficou daquele jeito. É natural. É curiosidade.

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Mas antes que nós possamos especular, ou ponderar, nós olhamos. Seja de relance, ou numa encarada de torcer o pescoço, nós olhamos para aquilo que de alguma maneira parece não se encaixar na nossa vida diária. É esse instante único de curiosidade descarada – sendo mais um reflexo do que uma ação consciente – que nos faz sermos quem somos e foi meu objeto de captura no último ano.

É depois desse instante que nós nos aventuramos a adivinhar o porquê da existência de uma pessoa tão anormal. Foi uma doença? Foi um problema de nascença? Foi uma mina explosiva? Essas narrativas estarão diretamente ligadas ao contexto no qual vivemos nossas vidas. Doenças, drogas, calamidade, ou guerra, todos esses cenários poderão render histórias, dependendo do que a nossa bagagem irá associar à deficiência.

Em cada fotografia, os personagens compartilham uma associação, mas o que o contexto deles diz? Olhando para cada rosto, vi humanidade. Ao rolar pelas ruas deles, eu encontrei o único elemento cultural e de costume que criou um indivíduo”.

Gostaria de trazer a reflexão para o contexto brasileiro. O que está presente no nosso dia a dia que é associado à deficiência? Quando você olha uma pessoa com deficiência passar, o que pensa? Compartilhe suas ideias e debata.

Para saber mais sobre o projeto de Kevin Michael Connolly, clique aqui.

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Para ler o texto 10 Pessoas incríveis que não têm pernas, publicado pelo Hypescience, clique aqui.

#Enconte o jornalista Rafael Bonfim no Facebook. Clique aqui para acessar o perfil.