A antecipação da edição desta semana da revista Veja, buscando tornar públicas denúncias contra Dilma Rousseff e Lula, pode ser lida a partir de duas possibilidades estratégicas: ou é uma jogada de mestre ou um tiro no pé.
Terá êxito, evidentemente, se alterar a intenção de voto, em especial daqueles que não intencionavam votar em ninguém. Quanto ao resto do eleitorado, duvido de que vá mover uma palha de convicção a esta altura do campeonato. As denúncias terão êxito, também, se servirem para municiar Aécio Neves no debate desta sexta-feira na Globo. Tudo vai depender de como a candidata do PT se defender; sabendo o quanto os políticos são lisos – vestem verdadeiras armaduras de teflon -, é possível que caia no vazio.
A antecipação da Veja será um tiro no pé se o PT conseguir demonstrar à sociedade a hipótese de que há um atentado do “grande capital editorial” à democracia. Se a ideia colar, é claro, tem valor, inclusive porque demonstraria uma união espúria entre o PSDB e os “conspiradores” da Editora Abril.
Vale lembrar, porém, que boa parte da população ainda não lê a revista Veja. Que nas periferias sua circulação deve ser restrita, a despeito da tiragem alegada – de resto, bastante significativa, muito mais como virtual panfleto – de um milhão e cem mil exemplares.
Vamos aguardar a noite e o domingo para ver se esse bicho pega. Para mim, diante até do avançado da hora, os riscos são pequenos.