. Em grego, a palavra “escândalo” significa, literalmente, a pedra deixada no caminho, frouxa e incerta, que faz alguém escorregar ou tropeçar. Pois a campanha nem bem começou e nós já estamos vendo gente tropeçando em cavaletes de propaganda. E, com o tempo, a coisa vai piorar – serão centenas de caras sorridentes, cogumelos eleitorais deixados em locais impróprios. Verdadeiro escândalo!
. Com a ventania do início de tarde dessa segunda-feira em Curitiba, aliás, também pudemos testemunhar a primeira manifestação de um fenômeno comum aos cavaletes em época de eleição: aquele “efeito esbodegado”, verificado quando as peças tombam assim, feridas e desconjuntadas, pelas esquinas e canteiros centrais.
. Quebrado, um cavalete é quase nada – instrumentalmente falando, é madeira para queimar e lona para reciclar, certo? Inteiro, um cavalete é um belo investimento: a produção de 50 peças de 70 x 100 cm por uma empresa de renome no mercado local, por exemplo, custa R$ 4.730,00 – ou R$ 94,60 por unidade. Pelo cavalete, enfim, é que se conhece o gigante.
. A lei eleitoral determina que os cavaletes e outras propagandas móveis podem ser colocados ao longo das vias públicas desde que não dificultem a circulação de pessoas e veículos – o termo circulação também abrange o respeito aos limites de visualização, pelos motoristas, dos outros veículos e dos pedestres.
. As peças, aliás, podem ficar expostas das seis da manhã às dez da noite. Fora desse espectro de tempo, é lesão à lei eleitoral (denuncie) e, provavelmente, ao próprio caixa de campanha – são poucos os cavaletes que resistem aos vândalos ou aos recicladores da madrugada.