O mais interessante do momento político brasileiro é acompanhar o processo de secularização, de dessacralização, de Marina Silva. Ela, que entrou em cena catapultada por uma soma luminosa entre a biografia e o imponderável histórico, vem sendo “descascada” pelos adversários, pela imprensa e pela própria sociedade – e isso, por mais azedume que produza, tem valor para a democracia.
No debate de ontem no SBT, por exemplo, Marina foi colocada por Luciana Genro, candidata do PSOL, na constelação ideológica de Aécio e Dilma, que seria formada por “trigêmeos” políticos interessados apenas na manutenção de uma superestrutura perversa, amiga dos bancos e inimiga da classe trabalhadora.
A campanha de Dilma, por sua vez, bate em pontos como a aparente falta de experiência, o espírito utópico e até uma “personalidade política cindida” ou francamente cínica de Marina, que tentaria integrar demandas de setores imiscíveis da sociedade, como evangélicos e defensores da causa LGBT.
Já a imprensa, em matérias como a que destacou os ganhos da candidata com palestras nos últimos anos, busca arestas que rendam manchetes. Por fim, nas redes sociais, o espírito de zombaria também colhe frutos em memes como o que comparou a candidata à avó da “Família Dinossauro”.
Nos próximos dias, veremos Marina voltar ainda mais ao plano terreno. O que, insisto, é interessante, até porque dá à candidata a oportunidade de mostrar, de fato, de que matéria ideológica e pessoal é feita, inclusive diante dos ataques de baixo nível tão comuns no contexto político. Para o eleitorado, o momento é e tentar perceber que figura política emerge do processo, assim como a consistência de suas propostas e alianças.
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