O debate presidencial de ontem à noite, organizado pela CNBB e apresentado pela tevê católica Evangelizar, mostrou o grau de tensão vivido pelos candidatos. A partir do terceiro bloco, depois de uma condução relativamente “cristã” dos trabalhos – os pleiteantes majoritários não se enfrentaram -, eles largaram a piedade e lascaram o pau a valer, com denúncias ainda mais abertas de corrupção. Mais do que isso, mostraram cansaço e irritação.
Dilma, por exemplo, apareceu com a voz cansada e, em alguns casos, confundiu palavras – como, por exemplo, quando falou sobre a matriz energética brasileira. Na mesma resposta, por três ou quatro vezes, usou a expressão “construir energia” ao invés de usar “construir usinas”. Aécio também escorregou. Luciana Genro, por sua vez, redobrou a agressividade contra Aécio, Dilma, Marina e Eduardo Jorge. E até o candidato do PV, em dado momento, deixou a face mais zen por uma irritação digna do Beato Salustiano.
Mesmo na fase crítica do debate, porém, Marina não foi confrontada diretamente. A impressão que fica é a de que mesmo as linhas principais de ataque contra a candidata (que envolve temas de costumes, inexperiência no Executivo etc.) ainda são gerenciadas com certo receio de provocar estragos na própria candidatura. Isso, é claro, vai mudar nos próximos dias – vai sobrar porrada, enfim.
De resto, exceção óbvia feita a Marina Silva, os candidatos afagaram a Igreja Católica, seus valores, princípios e o Papa Francisco. Aécio, inclusive, evocou aquele catolicismo tradicional mineiro, ao falar de sua alegria por estar “na casa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil”, e completou: “que Nossa Senhora possa nos ajudar a construir um tempo novo no Brasil, onde política e ética voltem a ser compatíveis”.
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