A despeito do poder que os debates presidenciais têm de mover ou fixar em definitivo os astros da constelação eleitoral (bons exemplos são os debates Kennedy x Nixon, de 1960, e Collor x Lula, de 1989), minha expectativa para o encontro desta noite na Band (22h) é de que siga a tepidez da maioria dos encontros recentes do gênero. Pelas razões óbvias:
1. É o primeiro debate, em que os caras ainda estão se mirando – e mirando possíveis estragos em si mesmos por conta de eventuais excessos de acidez.
2. No momento, aparentemente, Aécio e Dilma não sabem lidar direito com Marina. Já Marina não deve abandonar o perfil “tranquilo e infalível” consolidado nas últimas semanas – também não vai “partir para a porrada”, enfim.
3. Todos devem seguir rigidamente as orientações de seus marqueteiros. Neste exato instante, aliás, devem estar sendo espartanamente sabatinados com todas as marotices do mundo. A estratégia é totalizante: vai das respostas neutralizadoras às piores maldades (“O senhor não fez a lição de casa!”) à cor do tailleur.
(*) – As coisas podem mudar, contudo, a partir da pesquisa Ibope de intenção de voto a ser divulgada na tarde de hoje. Como a pesquisa, porém, ainda deve trazer Marina surfando na popularidade incorporada nos últimos dias, é possível que o impacto sobre o debate não seja tão grande: os outros candidatos esperam que, em pouco tempo e graças a um processo de “secularização”, essa aura perca o brilho.
(**) – Propostas? É de se esperar que, a despeito de sua importância, elas acabem servindo, no mais das vezes, como escadas para ataques.
(***) – Em tempo: participam os candidatos Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB). Os pequenos devem seguir um padrão tradicional de comportamento – cutucar os grandes. É daí, aliás, que costumam nascer as melhores piadas do debate.