Por contraditório que pareça, a morte é um momento político de extraordinário carisma para os políticos. Os mortos são celebrados; seus herdeiros, em especial se explicitamente indicados pelo agora espírito tutelar em que se converteu o falecido, recebem um verniz luminoso capaz de levá-los ao triunfo.
Nos últimos dias, testemunhamos esse movimento no caso Eduardo Campos – Marina Silva. O triunfo, é lógico, ainda reside no campo das possibilidades. O antídoto a ele, porém, é visível no início das críticas à candidata. Nas redes sociais, por exemplo, já pipocam pequenas notas, imagens marotas e piadinhas, bombardeando, por exemplo, a curiosa relação entre Marina, a Bíblia e o Ambientalismo. A chegada de Luiza Erundina à coordenação da campanha da pleiteante também rende alguns cruzados – no Facebook, por exemplo, podemos ler comentários como “ué, pensei que ela estava morta!”.
Não vou comentar o valor real da santificação ou a secularização de Marina – o eleitor que decida por si. A única constatação é de que, no inferno em fogo brando das eleições, o “mana” (a substância da qual a magia é feita, em uma definição antropológica simples) pode murchar muito rápido. Marina e Luiza Erundina vão ter um senhor trabalho para conservá-lo, enfim.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura