Alex com o seu filho, Felipe, após o jogo contra o Bahia, naquela que é sua última imagem como funcionário do Coritiba no Couto Pereira. (Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo)| Foto:
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Termina nesta semana o prazo estipulado por Alex para responder se aceita o convite para dirigir o futebol do Coritiba.

 

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O convite é uma jogada política poderosa. Alex foi o símbolo da mudança que a atual administração do Coritiba prometeu na campanha. Mudança que foi empalidecendo, virando mais do mesmo, a cada defecção ao longo do semestre.

 

Ricardo Guerra e João Paulo Medina, criadores do projeto abraçado pelo grupo, caíram fora. Ernesto Pedroso, que era o elo com o período vitorioso da era Vilson, caiu fora. Em determinado momento, o próprio Alex falou que se limitaria a ser apenas torcedor.

 

Com Alex no futebol, a diretoria passaria o recado de que o projeto da eleição está mais vivo do que nunca, e de uma maneira que nenhum conselheiro que for alçado ao G-5 conseguirá – especialmente porque Alex dificilmente aceitará o convite se for para desenvolver outro conceito. E, como é comum em diretorias sob pressão, arma-se um escudo de proteção dos ataques da torcida e da imprensa.

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O xis da questão é a balança de prós e contras que Alex está analisando antes de dar sua resposta. E – ao menos na análise deste blogueiro – há um desequilíbrio imenso nessa balança.

 

Alex nunca escondeu que pretende construir uma nova carreira dentro do futebol. Suas declarações sempre indicaram uma pretensão maior de ser treinador, mas hoje ele atua como comentarista e ano passado fez um curso de gestão, o que lhe permite sonhar com uma gerência de futebol. E o Coritiba oferece algumas condições bem favoráveis.

 

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Alex ajudou a conceber o projeto da atual gestão que ainda está à espera de um abraço mais vigoroso. Seria, em tese, mais fácil para ele implementar do que para qualquer outro. A história que Alex tem dentro do clube dá a ele uma autonomia e uma concordância interna com suas ideias e decisões que dificilmente ele teria em outro lugar – principalmente porque seria seu primeiro trabalho como gestor.

 

Do outro lado da balança, uma série de senões. O primeiro é o fato de Alex ter apoiado a atual diretoria na eleição. Da mesma forma que muitos apoiaram e votaram em Rogério Bacellar por causa de Alex, os erros da gestão Bacellar são colocados na conta de Alex. Um raciocínio simplista, é verdade, de “o Alex pôs os caras lá, ele também tem culpa por tudo que está saindo de errado”. Assim, ele não assumiria o cargo com a lousa totalmente limpa.

 

Outra ala da torcida e da imprensa provavelmente depositaria em Alex a mesma expectativa exagerada do seu retorno como jogador: de que a simples presença de Alex resolveria os problemas do Coritiba. Não resolveu dentro de campo, pois o Coritiba não sustentou o trabalho que faria de Alex o passo final para um grande título. Conseguiu, no máximo, criar condições para que ele fosse a figura em que o time se agarrou para não cair duas vezes. Fora de campo, a tarefa é infinitamente mais complicada , com uma temporada já em andamento e o rebaixamento cada vez mais próximo. Na situação atual, é mais fácil planejar o Coritiba para voltar da Série B no ano que vem do que consertar o barco a tempo de evitar o rebaixamento este ano.

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Por fim, Alex arriscará sua biografia dentro do clube. Coxa-branca, morador de Curitiba e ativo nas redes sociais, estará sempre na janela sujeito a tomar pedradas (mesmo as injustas) de torcedores e imprensa. O futebol brasileiro já demonstrou não ter muita tolerância com ídolos dos gramados em novas funções. Basta ver como Renato Gaúcho e Paulo Roberto Falcão, os maiores ídolos de Grêmio e Internacional, respectivamente, foram chutados como simples mortais quando as coisas saíram do eixo. E no cenário atual do Coritiba, o risco de fracasso é infinitamente maior que o de sucesso.