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“Bando da Fifa”, ano da liga e cobrança a jornais… Mais uma entrevista de Petraglia

Petraglia: esse é o ano para a criação da liga. (Antonio More/ Gazeta do Povo) (Foto: )
Petraglia: esse é o ano para a criação da liga. (Antonio More/ Gazeta do Povo)

Petraglia: esse é o ano para a criação da liga. (Antonio More/ Gazeta do Povo)

Mario Celso Petraglia falou mais uma vez, agora ao diário Lance! Falou de liga, relação com a Fifa, relação com a imprensa, dívida dos clubes etc. A entrevista completa está no link (cliquem no nome do dirigente). Seleciono (entre aspas) e comento (em itálico) os trechos que mais me chamaram atenção.

 

Criação da liga

“Todos têm consciência que a hora é agora. À boca pequena, todos são favoráveis. Mas entre achar e fazer, infelizmente, a diferença é grande. Na reunião da CBF, quando o assunto foi comentado, o Sr. Eurico Miranda surgiu gritando ‘eu duvido que saia a liga neste país’. Se não sair este ano, eu encerro a discussão e dou por cumprida minha missão, pois não fará nunca mais. O presidente da CBF até ontem está preso! Que outro momento teremos como esse?”

 

O momento é realmente propício. Seja pela fragilidade política da CBF, seja pela necessidade dos clubes de arrumar dinheiro para sobreviver. A peça central nessa história, contudo, é a televisão. Se a TV também entender que a liga é melhor para o negócio, quem comenta à boca pequena vai sair do armário. Enquanto ela não se posicionar, os clubes, que têm muito dinheiro adiantado dela, seguirão pianinho.

A Fifa

“Todo mundo sabe como a Fifa é. Eu convivi aqui com eles no Mundial e é um bando, exigindo coisas de um país sem a menor necessidade, vendendo equipamentos só cadastrados por eles, máfia dos ingressos…”

Petraglia passou maus bocados com a Fifa. Foi duramente cobrado pelos atrasos. Natural que, sem ter mais nenhuma obrigação com a entidade, aproveite para apontar-lhe o dedo (e com argumentos reais, como os parâmetros de várias benfeitorias nos estádios que, coincidentemente, desembocam em fornecedores ligados à entidade ou seus dirigentes). Mas Petraglia sabia que era assim desde o começo e aceitou jogar o jogo para ter a Copa aqui.

 

Reforma estrutural no futebol

“Não tem o que inventar, é só copiar dos grandes países. Uma coisa é acabar com a perpetuação dos dirigentes. Você conhece outro presidente do COB? Ninguém conhece. Você sabe alguma coisa que o João Havelange fez na vida a não ser presidente da CBF e da Fifa? Ninguém sabe também. Tem que mudar tudo, Lei Pelé, Estatuto do Torcedor, consolidação das leis… ou seja, modernizar o esporte e criar uma lei única para o desporto brasileiro.”

Ótima ideia, embora seja curioso vir de alguém que está à frente do clube há 20 anos que só não são ininterruptos porque o presidente que ele apoiou (Marcos Malucelli) não aceitou deixar na mão dele aqueles que, na prática, eram os pontos cruciais do andamento do clube – direitos de TV, transferências, reforma do estádio etc.

 

Cotas de TV

“Primeiro temos de acabar com o cartel de 20 times, que antes eram 13, que tem preferências e privilégios. Se o clube está na Série A, ganha como Série A. Se cair, vai receber como time da Série B, e não ganhar mais que os outros só por interesse da TV. A divisão não é por marca. Tem que ser 50% dividido por todos, 25% por exposição, pois é justo que o clube que tem mais audiência ganhe mais, e os 25% restantes por performance e premiação.”

Perfeito. O dinheiro da primeira divisão deve ficar na primeira divisão. O critério técnico deve ser levado em conta. E os times de grandes centros e grande torcida continuarão recebendo mais, seja por terem mais jogos exibidos, seja por estarem em um mercado publicitário maior.

 

MP 671

“Como nossa situação de dívida fiscal é mais confortável, não entramos muito na discussão até para não dizerem que estamos contra ou a favor. Mas há alguns pontos que tenho insistido que conste no texto como, por exemplo, as contrapartidas. Não se pode fazer alguma coisa para não valer de novo. Esses clubes que se apropriaram desses valores de forma desonesta, pois é apropriação indébita, cresceram e melhoraram seus times em campo de maneira indevida. O governo está dando 20 anos e espero que paguem. Se não pagarem, e continuarem se beneficiando, o prejuízo é daqueles que pagaram corretamente.”

E na pergunta seguinte Petraglia ainda admite que o Atlético acabou sendo prejudicado por manter as contas em dia. Este, aliás, é um mérito que não se pode tirar de MCP. Ao longo da passagem dele, foram raríssimos os momentos em que o Atlético teve algum tipo de atraso ou não recolhimento de tributos. Ao afrouxar para quem não paga, o governo federal pune o certo e premia o errado.

 

Limites ao trabalho da imprensa

“O veto é para as rádios. Se pagarem eles podem tudo, de graça nada. Tem que adquirir os direitos. Mas rádio é um meio que acabou, as rádios esportivas estão na reta final. Ninguém mais ouve futebol em rádio, hoje é tudo TV. Se eu pudesse também cobraria dos jornais impressos, pois vendem com as nossas matérias.”

Discurso já conhecido de Petraglia, embora com um olhar enviesado. Clubes também ganham com a exposição “gratuita” em todos os veículos de comunicação, mesmo aqueles que não pagam. Os estudos de exposição dos patrocinadores dos clubes medem, por exemplo, quantos segundos o uniforme ficou exposto em matérias de TV (mesmo daquelas que não pagam pela transmissão) e quantos centímetros ocupam em páginas de jornal fotos do clube.

 

Das rádios, é inevitável que mais cedo ou mais tarde elas paguem pelos direitos de transmissão. Mesmo enquanto isso não acontecer, continuarão sendo úteis aos clubes por serem elas, as emissoras comerciais, que o torcedor prefere ouvir. Basta lembrar o fracasso retumbante que foi a Rádio CAP.

 

Dos jornais, como Petraglia mesmo diz, ele não pode cobrar. Afinal, não há direito de transmissão para um relato jornalístico – ou flagrante jornalístico, como diz a lei.

 

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