Tramita pela Câmara Municipal de Curitiba um projeto para retirar o título de Cidadão Honorário de Ricardo Teixeira. Uma proposição óbvia diante do envolvimento do ex-presidente da CBF com o escândalo de corrupção no futebol mundial. E que mostra como a distribuição de títulos de cidadão honorário segue critérios bem questionáveis. Afinal, a cidadania honorária é de cinco anos atrás. Naquele tempo, Ricardo Teixeira já havia sido indiciado em uma CPI e seu nome estava no centro de inúmeras denúncias de corrupção – nada muito diferente de hoje.
Teixeira foi agraciado em março de 2010, por proposição do então vereador e líder do prefeito, Mario Celso Cunha, pródigo em propostas de concessão de cidadania honorária. “Na ocasião, ele prestou um serviço ao Paraná e a Curitiba ao trazer a Copa do Mundo para cá”, justificou Mario Celso ao Intervalo. “Pela situação de hoje, não indicaria nem ele nem ninguém da CBF ou da Fifa para receber título algum”, acrescentou.
Cunha ainda lembra que a proposta passou sem grandes problemas pela Câmara e pela caneta do prefeito Luciano Ducci. “Foi aprovada por unanimidade. Todos os vereadores assinaram embaixo”, diz.
Esse todos inclui o Professor Galdino (PSDB), autor do projeto para retirar a cidadania honorária de Teixeira. Agora, cinco anos depois, o vereador usa o discurso previsível para justificar a correta retirada da cidadania (embora ela jamais devesse ter sido concedida).
“O esquema atinge de forma direta Ricardo Teixeira. O nome do dirigente não é citado abertamente, mas a investigação das autoridades norte-americanas deixa claro que ele recebeu propina em ao menos dois negócios, no contrato da entidade que comanda o futebol brasileiro com a Nike e na venda de direitos de transmissão da Copa do Brasil”, afirmou, segundo material distribuído pela assessoria da Câmara.
O Intervalo tentou falar com Galdino para que ele explicasse seu voto de cinco anos atrás. O vereador está em Paris e sua assessoria ficou de conseguir até o fim do dia uma resposta. Dificilmente, porém, a explicação fugirá do óbvio: todos fizeram política sendo a favor da cidadania lá atrás, todos farão política ao ser contra a cidadania agora.
Abaixo, a lista de vereadores e autoridades presentes no chamego oficial ao cartola. Os partidos são os da época.
Vereadores: Tito Zeglin (PDT, presidente da sessão), Mario Celso Cunha (PSB, autor da proposta), Juliano Borghetti (PP), Valdemir Soares (PRB), Julião Sobota (PSC), Professor Galdino (PSDB), João do Suco (PSDB), Serginho do Posto (PSDB), Jair Cezar (PSDB), Caíque Ferrante (PRP), Algaci Tulio (PMDB), Noemia Rocha (PMDB), Omar Sabbag Filho (PSDB), Pedro Paulo (PT), Tico Kuzma (PSB), Denilson Pires (DEM), Renata Bueno (PPS) e Julieta Reis (DEM).
Demais políticos: Luciano Ducci (prefeito), Orlando Pessuti (governador), Ricardo Barros (deputado federal, PP), Cida Borghetti (deputada estadual, PP), Beto Richa (ex-prefeito e então pré-candidato ao governo estadual pelo PSDB).
Dirigentes: Hélio Cury (FPF), Jair Cirino dos Santos (Coritiba), Marcos Malucelli (Atlético), Roberto Hinça (vereador do PDT, representou o Paraná).
Conanda aprova aborto em meninas sem autorização dos pais e exclui orientação sobre adoção
Piorou geral: mercado eleva projeções para juros, dólar e inflação em 2025
Brasil dificulta atuação de multinacionais com a segunda pior burocracia do mundo
Dino suspende pagamento de R$ 4,2 bi em emendas e manda PF investigar liberação de recursos