A reunião que definiu a criação da Comissão de Clubes da CBF: o Coritiba foi representado pelo vice-presidente André Macias e o Atlético, pelo diretor jurídico Rodrigo Monteiro. (Rafael Ribeiro/ CBF)| Foto:
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A Série A do Campeonato Brasileiro elegeu nesta terça-feira (14) seus cinco representantes para a comissão permanente de clubes da CBF. Foram escolhidos Corinthians (11 votos), Fluminense (11 votos), Atlético Mineiro (10 votos), Grêmio (1o votos) e Atlético (9 votos). O grupo ainda será reforçado por duas equipes da Série B, uma da C e outra da D. Será responsável por negociar com a cúpula da CBF questões como calendário, janela de transferências, regulamento de campeonato, distribuição de receitas e outros pontos dentro da abertura – até prova contrária, para inglês ver – promovida pela entidade.

 

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Um ponto, porém, é nítido: sua composição consolida o Atlético se sobrepondo ao Coritiba como principal representante do estado dentro das discussões sobre o futuro do futebol brasileiro. Uma inversão dos papéis ocupados pelos rivais até o fim do ano passado.

 

O Coxa vinha sendo protagonista na principal discussão envolvendo os clubes, da formatação da MP do Futebol. O então presidente Vilson Ribeiro de Andrade foi inúmeras vezes a Brasília discutir as condições do refinanciamento, introduzido aos corredores do Congresso Nacional por Weber Magalhães, principal lobista da CBF em Brasília. Participou de programas de televisão como referência de gestão – o que acelerou a deterioração da sua relação com o elenco alviverde, que sofria com atrasos salariais.

 

A costura do texto do projeto de lei apresentado pelo deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), com a retirada de um item que comeria pelo menos R$ 30 milhões anuais da CBF, acabou premiada (não assumidamente) com a escolha de Vilson para chefiar a delegação brasileira na Copa de 2014. Afastamento muito criticado pela torcida do Coritiba, que viu o time entrar no recesso do Mundial estacionado na zona de rebaixamento.

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Mas também rendeu frutos para o clube, como o adiantamento de verbas de televisão em outubro do ano passado, dinheiro usado para quitar os salários atrasados. Isso em um momento de fechamento total das torneiras, por causa de uma penhora por dívida do Botafogo que acabou sendo cobrada da Globo.

 

Àquela altura, Mario Celso Petraglia ainda botava a cabeça para fora da conturbada operação Copa. Seu único movimento no cenário nacional foi, em parceria com Vilson, começar a discutir mudanças nos critérios de distribuição das cotas do pay-per-view. Um embrião da atual comissão de clubes.

 

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O ano virou, Vilson saiu do Coritiba e Petraglia continuou no Atlético. Apesar de no cenário local Atlético e Coxa terem se aproximado como há anos não acontecia e ambos terem sido escalados para a primeira versão da Comissão de Clubes da CBF, o Furacão acabou, pouco a pouco, ocupando o lugar do rival nas grandes questões do futebol nacional.

 

Na reunião convocada às pressas por Marco Polo Del Nero logo após a prisão de José Maria Marin, foi Petraglia quem levantou a ideia da criação da liga de clubes. Rogério Bacellar ainda teve algum protagonismo, ao dar uma merecida enquadrada em Eurico Miranda.

 

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Na semana da votação da MP do Futebol no Congresso, foi Petraglia o convocado para a coletiva ao lado do Bom Senso FC e do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. Ficou como uma das caras da transformação para melhor do futebol brasileiro. Agora, terá cadeira na Comissão da CBF, onde poderá vender e defender ideias como a criação da liga (para Petraglia, é agora ou nunca), redistribuição das cotas de tevê e cobrança de direitos de transmissão das rádios, entre outras pautas.

 

A mudança tem muito a ver com a personalidade dos dirigentes envolvidos. Petraglia e Vilson são mais “carudos” – o que ajuda a explicar as tantas brigas que os dois tiveram nos últimos anos. Têm o perfil de buscar o protagonismo. Bacellar é um conciliador profissional, ótimo para apagar incêndios, mas não tão hábil para ser o líder de algum movimento.

 

Obviamente, a boa relação entre os presidentes faz com que os pleitos de Atlético e Coritiba sejam basicamente os mesmos. Este, por sinal, será o discurso oficial dos clubes, de que o momento é de união, os objetivos são os mesmos e tanto faz estar um ou outro na mesa de negociações. Bacellar ainda poderá argumentar que tem mais problemas a resolver dentro do Couto Pereira do que na CBF ou em Brasília – o que é verdade. Mas na hora de defender teses e convencer a CBF a fazer algo, será Petraglia, não Bacellar, que estará lá. E, pela natureza de ambos, é improvável que esse Atletiba tenha uma virada tão cedo.

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