• Carregando...
Yaya Touré com uma chuteira de cada cor. (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)
Yaya Touré com uma chuteira de cada cor. (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)| Foto:

Antes de mais nada, um tutorialzinho chato de jornalismo. Zona mista é a área de entrevistas após jogos de Copa do Mundo. Uma grande sala, onde é montado um labirinto delimitado por uma cerca de um metro de altura. Pra lá da cerca, passam os jogadores. Pra cá da cerca, ficam os jornalistas. Os jornalistas chamam e, se o jogador quiser, para e fala. Pronto.
A zona mista da Costa do Marfim em Brasília, após a derrota pra Colômbia, foi um capítulo à parte. A começar pela demora de duas horas para passar o primeiro jogador. E temperada por uma série de histórias bizarras. Sente o drama…

 

Emoção no hino

O choro do meia marfinense Geoffrey Serey Die, durante o hino, foi uma das cenas mais marcantes da Copa e rapidamente ganhou uma versão. A versão online do site britânico Daily Mail apontou como motivo a morte do pai do jogador, duas horas antes da partida, notícia replicada mundo afora. Tudo perfeito, não fosse um detalhe. O pai de Serey Die morreu há dez anos.

 

Só futebol

Até o primeiro jogador marfinense aparecer, os jornalistas brasileiros tentavam, a todo custo, confirmar a informação. E nada de o assessor de imprensa da Costa do Marfim aparecer. Como os repórteres de site começaram a ser pressionados por seus editores, o jeito foi arriscar um diálogo com os jornalistas marfinenses. Criou-se um impasse: nenhum brasileiro falava francês, nenhum marfinense era fluente em inglês. Com muita dificuldade, deu para entender que os marfinenses não sabiam nada a respeito.

 

Fã clube?

Sem conseguir nada na sala de imprensa, um repórter do portal Terra recorreu ao Google. E descobriu um fã-clube oficial de Serey Die no Facebook. Ali, havia uma mensagem em francês de que o pai do jogador realmente havia morrido… em 2004.

 

Maestro Yaya

Yaya Touré com uma chuteira de cada cor. (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

Yaya Touré com uma chuteira de cada cor. (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

Enfim, começaram a sair os jogadores. Yaya Touré foi o primeiro e, assim como faz em campo com suas chuteiras uma de cada cor, decidiu organizar a zona mista. Os jornalistas se aproximavam e Touré apontava para o fim da zona mista. O resultado foi Yaya andando e arrastando duas dezenas de jornalistas atrás dele. Quando parou, Touré foi perguntado sobre a morte do pai de Die. “Morreu? Não. Só futebol”. Logo, o próprio Die explicou que sua emoção tinha sido apenas futebolística.

 

Drible do Drogba

Didier Drogba quebrou todos os protocolos na zona mista do Mané Garrincha. Atendeu um grupo de jornalistas e, ao ver o longo labirinto até a saída, pulou sobre uma cerca de um metro, atravessou a sala e pulou a cerca já no fim da zona mista. Ali, parou para atender repórteres de tevê… fora do bâner da Fifa.

 

Drible do Gervinho

Gervinho foi dos últimos a passar pela zona mista. Aproximei-me dele para falar sobre o falecido técnico brasileiro Joel Carlos, que trabalhou com ele no Mimosas SC, que formou boa parte dos jogadores da atual seleção marfinense. Perguntei, Gervinho identificou o nome do treinador, mas falou: “No English”. E chamou um membro da comissão técnica. Fiz a pergunta em inglês, acreditando em uma tradução para o francês. Quando nos viramos para Gervinho, o craque marfinense já havia nos deixado para trás como deixara os marcadores colombianos para trás no seu golaço.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]