O Atlético comemora, na Arena do Grêmio, a classificação à final da Copa do Brasil: desempenho esportivo turbinou o caixa rubro-negro. (Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)| Foto:
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Saiu semana passada a edição 2014 da análise financeira anual que o banco Itaú faz dos clubes brasileiros. O parâmetro é o balanço financeiro apresentado pelas 23 principais equipes do país e o interesse do Itaú no negócio futebol é direto. O Itaú é um dos patrocinadores do futebol na Globo, detentora dos direitos de transmissão do futebol brasileiro. Ou seja, o estudo acaba sendo uma maneira de o Itaú conferir se o dinheiro que ele gasta com os clubes está sendo bem aplicado.

O panorama geral apresentado pelo balanço eu trouxe domingo aqui no Intervalo. Mas há capítulos específicos para cada um dos 23 clubes estudados. Atlético e Coritiba estão entre eles, então vamos, detalhadamente, à leitura que o banco fez das contas do Furacão. Abaixo, reproduzo a análise feita pelo banco e os dois gráficos que fazem parte do estudo. Dentro do texto faço alguns apontamentos entre colchetes e em itálico, com a identificação nota do Intervalo. São informações que complementam o estudo. Os negritos também são do blog, destacando números importantes do estudo.

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“Equilibrando pratos

Clube Atlético Paranaense

Na análise anterior chamamos a atenção para o fato de que o Atlético Paranaense precisaria se dividir entre cuidar da equipe e organizar a construção da Arena da Baixada. De certa forma foi feliz nesta gestão, com reflexos incertos no longo prazo.

As Receitas Totais cresceram 17% (R$74 MM) em função do bom desempenho no Campeonato Brasileiro, quando conseguiu a 3ª colocação. Isto impulsionou as Receitas com Bilheteria, que cresceram 42%, apesar de não atuarem na Arena da Baixada, em reforma. Além disso, o prêmio pela boa colocação no Brasileirão – estimamos que seja de R$ 8 milhões – ajudou a compor as Outras Receitas. Isto, a despeito do Investimento em Atletas ter sido bastante reduzido nos dois últimos anos.

Mas se foi reduzido na aquisição de direitos federativos, o elenco teve elevado crescimento de gastos em 2013, que passaram de R$ 78 milhões para R$ 93 milhões, ou seja, 19% a mais [NOTA DO INTERVALO: O elenco do Atlético inchou ano passado, com a criação do Sub-23. É a provável razão desse gasto maior. Por outro lado, são mais jogadores que amanhã podem gerar receita com venda de direitos federativos]. E se em 2012 a geração de caixa foi negativa (mais Despesas que Receitas), com estas variações o resultado piorou, e chegou a R$ 19 milhões negativos, em bases totais. Se considerarmos apenas as Receitas Recorrentes, este déficit seria ainda maior, de R$ 24 milhões.

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A solução deste problema foi o uso de Capital de Giro. Primeiramente, consumiu cerca de R$ 11 milhões em Adiantamentos realizados a terceiros. Depois, conseguiu muitos financiamentos diretos com Fornecedores. Não há detalhamento que nos possibilite saber exatamente a origem, mas estes movimentos montaram cerca de R$ 26 milhões e permitiram fôlego para conseguir gerir o ano. Porém, sabemos que estas liberações não se perpetuarão, e na reversão devem drenar caixa do clube. Ou seja, o efeito positivo em 2013 pode ser negativo em 2014. A conferir.

Vemos ainda que o clube consegue gerar Receita Financeira Líquida, ou seja, tem mais Receitas Financeiras que Despesas Financeiras. Isto é raro nos clubes e não sabemos exatamente qual a fonte geradora dessas Receitas. Mas foi mais uma fonte a colaborar para ajustar o EBITDA negativo. Houve ainda o recebimento de uma ação civil no valor de R$ 15 milhões. [NOTA DO INTERVALO: É a ação do Atlético contra a Federação, por causa do Pinheirão. Ação juizada no início dos anos 90, quando Farinhaki resolveu levar o Furacão de volta para a Baixada]

Sobre a Arena, as obras seguiram com recursos próprios, mas com R$ 180 milhões de recursos do BNDES (R$ 31 milhões liberados em 2012 e R$ 149 milhões em 2013). O clube ainda se utiliza da venda de créditos referentes a potencial construtivo, concedidos pela Prefeitura de Curitiba, para completar o funding das obras.

Enfim, 2013 foi um ano em que tudo deu certo para a equipe Paranaense. As Receitas cresceram, o desempenho esportivo foi bom, houve recebimentos e ajustes operacionais que permitiram cobrar seu déficit estrutural. Resta saber se o clube continuará conseguindo girar os pratos, e se conseguirá novos pratos para girar.

PERSPECTIVAS 2014

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2014 tende a ser bastante difícil. Pode conseguir alguma receita adicional com o Estádio novo, mas precisará recorrer a venda de atletas e reduzir custos se quiser diminuir o esforço para fechar suas contas.”

 

Agora, divirtam-se com os gráficos.

 

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Quer dar uma espiada nas finanças do rival? Não passe vontade e veja o que o estudo do Itaú disse sobre as finanças do Coritiba.

 

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