Colocada à venda pela OAS, a Arena do Grêmio foi usada para receber dinheiro de caixa 2. (Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)| Foto:
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A OAS esteve a um passo de fazer a Arena da Baixada para a Copa e também tentou emplacar um novo Couto Pereira. Agora, vê até suas operações com estádios no foco da Operação Lava-Jato. A construtora usou seu escritório na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, para receber dinheiro de caixa 2. A revelação foi feita em depoimento do doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal, sob regime de delação premiada, dentro da Operação Lava-Jato. Documentos liberados nesta quinta-feira (12) pela 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná trazem detalhes da operação realizada no estádio gremista.

 

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Segundo o depoimento de Youssef, o dinheiro de caixa 2 era depositado em bancos de Hong Kong por Leonardo Meirelles, réu na lava-jato e testa de ferro de Youssef. Depois, a própria equipe do doleiro providenciava o retorno deste dinheiro ao Brasil, para ser entregue onde o cliente determinasse. No caso da OAS, as entregas em espécie deveriam ser feitas no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Uma da R$ 66 mil e outra de R$ 500 mil foram feitas no escritório da OAS na Arena do Grêmio.

 

O depoimento liberado pela Justiça Federal não especifica a origem do dinheiro. Traz, apenas, um trecho em que Youssef deixa claro não se tratar de recurso da Petrobras. Veja, abaixo, o trecho do depoimento em que o doleiro cita o estádio.

 

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A OAS investiu pesado em estádios por causa da Copa do Mundo de 2014. Criou um braço especificamente para isso, a OAS Arenas. Foram R$ 689 milhões gastos na Itaipava Arena Fonte Nova, em uma parceria público privada com o governo da Bahia, e outros R$ 475 milhões na Arena do Grêmio. A construtora ainda apresentou um projeto de reforma da Arena da Baixada, encampado pelo então presidente do Atlético, Marcos Malucelli, mas derrotado no Conselho Deliberativo pelo modelo de auto-gestão defendido por Mario Celso Petraglia.

 

Sem conseguir fechar com o Atlético, a OAS chegou a apresentar um projeto para o Coritiba. A proposta, porém, foi rejeitada por Vilson Ribeiro de Andrade, à epoca presidente do clube.

 

Com dívida avaliada em R$ 7,7 bilhões e investigada pela Lava-Jato, a OAS teve sua nota de classificação de risco rebaixada, o que torna mais caras as captações feitas por ela no mercado. Ou seja, é menos atrativo investir na construtora. Uma consultoria contratada pela OAS está realizando um plano de reestruturação da empresa, que inclui a venda de ativos. Entre eles estão os estádios de futebol. O Grêmio, por exemplo, já negocia a aquisição do seu estádio por R$ 170 milhões, praticamente um terço do valor gasto na construção.

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