• Carregando...
(Rafael Ribeiro/ CBF)
(Rafael Ribeiro/ CBF)| Foto:
(Rafael Ribeiro/ CBF)

(Rafael Ribeiro/ CBF)

Joseph Blatter pediu o boné porque o FBI está no seu calcanhar e deu um murro na porta da sala ao lado ao vazar a informação de que sabe do envolvimento de Jérôme Valcke com derrame de propina. Mas Blatter viu com clareza que esse seria caminho ao olhar em volta e não ter apoio nenhum. A Uefa, que obviamente sabe muito mais do que nós sobre o submundo da bola, pressionou o suíço a renunciar, ameaçou boicotar Mundial de Clubes, Olimpíada e até a Copa do Mundo.

 

O FBI arrombou a porta da sala ao lado de Marco Polo Del Nero ao prender José Maria Marin. Ricardo Teixeira está implicado até o nariz com as contas de seu reinado na CBF. E não precisa de muito esforço mental para entender que Del Nero está na lista de co-conspiradores do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. São mais elementos concretos do que os jogados na cara de Blatter. Os clubes brasileiros também têm mais elementos do que nós para saber o que rola a portas fechadas e nos guardanapos que circulam pelas mesas de negócios do futebol.

 

Hoje, os clubes brasileiros têm a obrigação de fazer com Marco Polo Del Nero o que a Uefa fez com a Fifa. Pressioná-lo a renunciar. Balançar a cadeira do presidente da CBF até fazê-lo cair. Ameaçar com boicote aos torneios da entidade caso o que está aí não mude, caso se insista na conversa mole do “estamos colaborando com as investigações” – como se as investigações não dissessem respeito à Confederação.

 

Desde a explosão do escândalo de corrupção, as única manifestações de verdade sobre aproveitar a ruína do sistema para a tomada de poder dos clubes partiu da dupla Atletiba. Petraglia com a eloquência que lhe é peculiar. Bacellar com a timidez que também lhe é peculiar. Parou por aí. Politicamente, nossos clubes são formigas no mundo político do futebol brasileiro. Precisam da ajuda dos elefantes para levar qualquer ideia adiante. Corinthians, Flamengo, São Paulo, Palmeiras, gaúchos, mineiros… (bem, não vou citar o Vasco, pois o tema é sério)

 

Esse movimento, porém, dificilmente virá. Os clubes devem à CBF. Devem favores, devem intermediação na obtenção de empréstimos e adiantamentos, devem dinheiro vivo mesmo. Estão enrolados até o pescoço no sistema que começa a ruir. Ficarão quietinhos até terem certeza absoluta de que Del Nero sairá – e somente a partir de então falarão como se sempre tivessem sido contrários a tudo que está aí. Antes disso, melhor manter uma distância segura de quem ainda pode ser muito útil: nem muito perto que pareça cúmplice, nem muito longe que pareça inimigo.

 

A necessária reforma que deu um passo decisivo no mundo com a renúncia de Blatter ainda é só teoria no futebol brasileiro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]