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Petraglia promete grama sintética na Arena em 2016 e cutuca Geninho por 2001

Ano do futebol em 2015, grama sintética na Arena em 2016 e uma cutucada em uma dos heróis de 2001.

 

Mario Celso Petraglia concedeu uma hora e meia de entrevista à Fox Sports nesta terça-feira à noite. Tempo suficiente para expor em rede nacional algumas opiniões já bem conhecidas do público paranaense. A saber: projeto de 20 anos, enfrentamento do sistema, eixo do mal, imprensa paranaense é a pior do Brasil, quem quer entrevistar nossos jogadores tem de pagar, Atlético será campeão mundial em dez anos, Arena foi o estádio mais barato da Copa, torcida única é o caminho etc.

 

Mas como também é habitual em entrevistas de Petraglia, houve espaço para o dirigente revelar detalhes do sempre fechado Atlético, confirmar informações que circulavam até então somente nos bastidores, soltar frases de impacto e moldar ou reafirmar promessas. É a esse segundo bloco que vou me ater aqui no post. Vamos lá.

 

2015, o ano do futebol

A promessa que fechou o ano passado – e foi tratada como piada (de mau gosto) pela torcida rubro-negra este ano – foi reafirmada. “Tentaremos fazer no futebol o que fizemos em patrimônio. Até hoje não investimos no futebol, investimos em patrimônio. Agora acabou”, afirmou Petraglia, para logo depois indicar que o agora pode ser daqui a pouco. “Nós ficamos com um buraco de 40 milhões do estádio, senão já teríamos condições de trazer jogadores um pouco acima do teto para melhorar o nosso time.”

 

Mesmo com este senão da conta do estádio a pagar, Petraglia falou que alguns bons negócios inesperados podem permitir bons reforços imediatamente. “Tivemos uma surpresa. O Fernandão, atacante nosso, fechamos um negócio com a Turquia maravilhoso”, disse, referindo-se à venda do atacante ao Fenerbahçe. A projeção é de que o Atlético fature cerca de R$ 9 milhões com o jogador.

 

Petraglia não falou em valores de Fernandão. Falou de Nathan. Confirmou que o negócio com o Chelsea foi fechado em 5 milhões de euros. E assegurou que nenhum outro garoto deixará o clube este ano – citou Marcos Guilherme nominalmente.

 

“Temos várias ofertas pelos nossos meninos, mas não vamos vender. Não queremos nem ouvir. Prometemos que esse seria o ano do futebol”, repetiu. O que, tratando-se de Atlético, é certeza de que não tem negócio. “Só eu compro, só eu vendo, só eu negocio”, resumiu.

 

Sobre possíveis chegadas, descartou Alan Ruiz: “Já demos baixa. Não tem a menor condição. Três procuradores e pai de jogador. Sem condições.”

 

Por fim, Petraglia revelou a folha salarial do Atlético (não só futebol): R$ 4 milhões.

 

Walter não é Adriano

Não é novidade o arrependimento de Petraglia por não ter conseguido recuperar Adriano como ele apostava que o Atlético conseguiria. Mas falar do Imperador (cuja escalação na semifinal de 2014, contra o Londrina, Petraglia definiu como uma bobagem) levou o dirigente a fazer uma comparação com Walter, o grande ídolo do Atlético de hoje. Ou melhor, uma não comparação, já que MCP não vê similaridade alguma entre o caso do Gordinho e o do Imperador.

 

“Walter é um ótimo rapaz. Não bebe, não fuma, não joga, não sai pra noite. É um rapaz espetacular. Ele gosta de doce, bolachinha recheada e Coca-Cola. A gente brinca com ele. Ele não gosta muito das brincadeiras. Eu tenho quase certeza que esse moço vai emagrecer.”

 

Grama sintética na Arena

A história já tem circulado desde o início do ano nos bastidores do clube, foi trazida à tona pelo colega André Pugliesi e agora foi confirmada com todas as letras por Petraglia: “Encaminhamos já um projeto à CBF, vamos encaminhar à Conmebol e ano que vem teremos grama sintética. Vamos tirar a grama natural.”

 

O principal motivo é o custo. Segundo Petraglia, a manutenção de um gramado Fifa não sai por menos de R$ 200 mil. Quase metade disso (R$ 80 mil) é custo de energia elétrica com o equipamento de aquecimento do gramado que, palavras de Petraglia, a Fifa obrigou as arenas da Copa a comprar. “Por isso [alto custo de manutenção] que as gramas estão todas essas porcarias”, argumentou.

 

Cutucada em Geninho

Essa foi logo no começo do programa, quando Mário Sérgio (um dos entrevistadores) falou da sua participação no título de 2001 – foram dez jogos à frente do Furacão. “O nosso campeão é o Mário Sérgio”, disse MCP. Mauro Beting (outro entrevistador) ponderou que foi Geninho quem deu a volta olímpica. “Um acidente de percurso”, alfinetou Petraglia.

 

Contratação de Milton Mendes

Petraglia confirmou que Milton Mendes foi para a parceira Ferroviária ser preparado para vir ao Atlético. E acrescentou duas informações novas: 1) O primeiro contato com Milton Mendes foi ainda antes mesmo de ele assumir o Paraná; 2) O plano inicial era trazer Milton Mendes primeiramente para o sub-23.

 

“Ele foi observado, vimos seu currículo, entrevistado, entendemos que ainda não estava preparado. Foi treinar o Paraná, não teve sucesso por questão de crise no clube. Estávamos buscando um técnico para a Ferroviária e o Milton foi para lá em um projeto do Atlético já prevendo a possibilidade de ele ser o responsável pelo nosso principal grupo. Não tivemos sucesso dos treinadores contratados”, disse.

 

Sobre Enderson Moreira, deixou claro que o treinador combinou algo no momento da contratação e depois tentou trabalhar com condições diferentes: “Estávamos pensando no Milton dirigindo o nosso sub-23. Tem treinadores que se adaptam ao projeto do clube e outros têm seu próprio projeto. Por isso temos tradição de troca de técnicos muito rapidamente.”

 

Time principal no Paranaense

Que o Atlético pôs o time principal no meio do Paranaense por causa da eleição já era fato sabido. A surpresa foi Petraglia revelar que isso foi estimulado pela dupla Paratiba e outros clubes que estavam apoiando a chapa de Ricardo Gomyde. “No meio da competição, por problemas políticos que tentamos ganhar a Federação. Coritiba, Paraná e clubes que estavam apoiando a mudança: ‘Não, você tem que jogar com o principal.’ Não estávamos preparados e perdemos.”

 

Ainda sobre a Federação, deu outra paulada na estrutura de poder do futebol brasileiro ao falar de itens que gostaria de ver incluídos na MP do Futebol. “Ministério Público possa investigar clubes e federações. Por que não? Não tem mal pior no futebol que as federações. Só exploram os clubes. Taxa disso, taxa daquilo.”

 

Elitização do futebol

Discurso habitual do Petraglia defendendo preço do ingresso e relativizando a presença maciça do público nos estádios. Como de costume, rendeu mais boas frases do que ideias diferentes daquilo que o dirigente expôs várias vezes.

 

“Todo espetáculo ao vivo é para classe A e B. Não é um problema do dirigente, é um problema social. O pay-per-view barato seria o ideal [para atender as outras classes].”

 

“Futebol é feito por renda, não por público. Se um cara comprar toda minha bilheteria, eu vendo. Meu negócio é grana para pagar jogador caro. De que adianta 200 mil torcedores no estádio a 2 reais?”

 

“Quer coisa mais burra que ainda não instituímos a torcida única?”

 

Ainda no pacote arquibancada, Petraglia contou aos risos de um dia que levou seus netos ao estádio e um deles perguntou o que a torcida gritava para ele. “Vovô, o que eles estão cantando? Você não sabe inglês ainda. É ‘Petraglia, I Love You’.”

 

Conhecimento de bola

Até hoje Petraglia é cobrado por ter dito, no Conselho Deliberativo, que não entende de futebol. O dirigente voltou ao tema e deixou claro que Paulo Carneiro está no clube para ser uma espécie de “presidente da bola”.

 

“O Paulo é nosso amigo, parceiro, que sabe infinitamente mais que eu da bola. Minha formação é empresarial. A bola tem características que quem sabe, sabe. Quem não sabe… tem que aprender. Se há uma coisa que eu não sei é bola. Quem dizer que sabe é mentiroso.”

 

Liga, Eurico, São Paulo

Três temas nacionais que rolaram na entrevista. O primeiro é a criação da liga, encampada por Petraglia mesmo depois de a CBF prometer mais autonomia aos clubes. “Isso é engana trouxa”, desdenhou.

 

Petraglia disse que a discussão da Liga está em curso. Pode ser a Sul-Minas, mas ele vê o momento oportuno para uma Liga Nacional. Deixou claro que não quer tomar a parte do bolo dos grandes clubes, mas sim aumentar esse bolo. E a “receita do fermento” pode estar nas investigações da rede de corrupção envolvendo CBF, Traffic, Conmebol, Fifa e asseclas. “Os clubes têm obrigação de constituir um escritório nos Estados Unidos para buscar essa grana de volta. É nossa!”, exclamou.

 

Petraglia também falou de dois desafetos. Eurico Miranda e São Paulo. Com o presidente do Vasco a rusga permanece: “Me nego a falar dele. Ele jogou o Vasco no fundo do poço e nós jogamos o nosso na montanha”.

 

Com o São Paulo, não mais. “Não tinha clima ruim com o São Paulo. Tinha um clima muito ruim com o Juvenal Juvêncio. Nos roubou o Dagoberto na mão grande. Nos tirou o jogo da Baixada. Um tempo depois falei com ele e disse que essa fotografia aqui [provavelmente uma foto do São Paulo campeão da Libertadores de 2005 em alguma parede do Morumbi] é fruto de corrupção.”


Petraglia elogiou o atual presidente são-paulino, Carlos Miguel Aidar, e disse que hoje faria negócios com o clube paulista.

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