O Conselho Deliberativo do Coritiba terá, hoje à noite, sua primeira reunião. Um encontro com um peso histórico. Afinal, será a primeira vez que o parlamento do clube terá uma composição dividida entre vitoriosos e derrotados na eleição. A “Coxa Maior”, que elegeu o presidente Rogério Bacellar, tem direito a 99 cadeiras incluindo a do presidente do Deliberativo. A “Coritiba, Nós Construímos”, que esteve com Vilson Ribeiro de Andrade, ocupará 61 postos, respeitando a proporção de votos de cada chapa.
Embora a divisão seja, em tese, um ambiente propício para debates mais acalorados, a temperatura não deve subir nesta primeira reunião. Esta é a aposta de Pier Paolo Petruzziello, novo presidente do Conselho Deliberativo alviverde. Ele imagina uma reunião de tom ameno, seguindo o edital de convocação que trata apenas de formação de comissões. Temas como dívida, orçamento e outros espinhos da política alviverde devem ficar nas pautas dos próximos meses. E surgir de acordo com o desempenho do time em campo, como diz Petruzziello nesta entrevista ao Intervalo, concedida hoje pela manhã, por telefone.
Qual será o tom dessa primeira reunião?
Absolutamente normal, tranquilo. O tom vai ser ameno. Os novos conselheiros vão se manifestar, pedir algumas informações do que fizemos até agora. É mais para montagem de comissão. Não será muito diferente das reuniões normais, mesmo tendo ala de oposição.
Será possível apresentar números consolidados da dívida do clube?
Não dá para saber o que vai acontecer na reunião. Vai ter questionamentos, qualquer conselheiro tem o direito de levantar qualquer questão e cabe a nós encaminhar as perguntas, mas não podemos fugir do que diz o edital. Não vai acontecer hoje. Talvez numa próxima reunião, aí sim tenhamos uma prestação de contas mais específica com a convocação do G-5. Temos o mesmo valor que a imprensa, de aproximadamente 204 milhões de reais. Quando for concluído [o levantamento], vem o valor de forma oficial para o Conselho. Então, para fevereiro devemos ter alguma novidade sobre isso.
Como imagina o funcionamento, na prática, de um Conselho dividido entre dois grupos que, até dois meses atrás, disputavam uma eleição?
Futebol é resultado em campo. Se o campo estiver bem e as finanças resolvidas, a oposição já reduz. É diferente do parlamento político, onde a pessoa fica na oposição por quatro anos por questão ideológica. Todo mundo torce pelo mesmo clube. Não existe PT e PSDB dentro do Coritiba. Mas a Mesa do Conselho tem de saber como se portar, não pode ser chapa branca.
Embora o objetivo final de qualquer clube seja vencer jogos e campeonatos, deixar guiar-se tanto pelo resultado de campo não cria o risco de passar cheque em branco para a diretoria?
Quando tem resultado bom em campo, diminui a pressão. Isso é fato. O Conselho deve ter responsabilidade de ver a questão financeira do clube, onde estamos investindo. Não vamos dar cheque em branco. Não será um Conselho meramente homologatório. Confio na presidência, mas se algo não for feito da forma correta, vamos cobrar, dando voz para a oposição, montando comissões junto com a diretoria. Vamos trabalhar para para que o campo não encubra questões mais importantes.
Do ponto de vista financeiro, qual a perspectiva para o Coritiba em 2015? É um ano para arrumar a casa?
Será um ano muito difícil. Há um esforço muito grande para deixar a casa em ordem, manter salário em dia. A diretoria vai fazer o futebol bastante enxuto. O erro tem de ser muito pequeno. Não vai ter margem para errar.
Causou muito barulho ano passado um tuíte seu divulgando o salário do Gil como exemplo da má gestão do clube. Ali você era conselheiro, sócio e torcedor do clube. Hoje, como presidente do Conselho, tomaria a mesma atitude?
Soube do salário do Gil e de outros jogadores acima do que o clube poderia pagar quando foi dar uma palestra ao elenco, de forma gratuita, em Caxias do Sul [antes do jogo com o Internacional, pelo Brasileiro de 2013]. Levei imediatamente ao presidente do Conselho. Se hoje eu tiver um dado desses que fuja à realidade do clube, tomarei atitude como presidente do Conselho e não precisarei escrever no Twitter. Mas, claro, pela função devo tomar mais cuidado institucional, o presidente do Conselho não pode expor algumas situações.
Acredita numa participação ativa do Vilson Ribeiro de Andrade no Conselho Deliberativo?
Ele vai ajudar, tem bom trânsito na CBF. O Vilson não foi só erro, teve alguns acertos. Errou no final, mas teve acertos. Ele pode usar a experiência dele para ajudar o Coritiba e não vai ser furtar de ajudar no momento que o clube precisar.
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